tag:blogger.com,1999:blog-34381116126185105122024-03-14T01:13:00.747-04:00Parole Negra Neste espaço serão disponibilizadas falas diversas, mas que consideram, principalmente, a perspectiva das mulheres negras sobre o mundo. Os nossos temas são atualidades, literatura, música, cinema, universidade, raça e gênero, enfim... temas que muitas vezes não são tratados de forma enegrecida, porque os espaços para a parole negra nem sempre estão disponíveis.Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.comBlogger18125tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-35528607048840713722016-07-20T11:22:00.003-04:002016-07-20T18:28:30.580-04:00Aonde quer que tu fores irei eu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<img border="0" height="246" src="https://3.bp.blogspot.com/-2x7VyVIDlOg/V4-UzXz4kNI/AAAAAAAANhw/hCl1NPT8h6EeujgY8K1FVC0I-qn1BMn0QCLcB/s400/WomensDay_HeaderImage2013.jpg" width="400" /></div>
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<a href="https://goo.gl/8u4LOK" target="_blank">https://goo.gl/8u4LOK</a></div>
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<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“... porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, </span></b></div>
<div style="text-align: right;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;</span></b></div>
<div style="text-align: right;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. (Rute 1:16-17).</span></b></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b>
<b><br /></b>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>É comum encontrarmos a epígrafe deste texto em convites de casamento, pois ela revela a promessa de uma pessoa feita a outra: estarei sempre ao seu lado. No entanto, o que poucas pessoas sabem é que este texto foi dito por uma mulher a outra mulher. Esta é uma fala de Rute a sua sogra Noemi. Apesar do texto ser revelador da fidelidade de uma mulher a outra, na cultura patriarcal, somos ensinadas a ser rivais. Não necessariamente somos inimigas, mas constantemente somos colocadas em situações de competição.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>A competição estimulada e ensinada às mulheres está presente em nosso cotidiano. A relação que se estabelece entre sogras e noras, em muitas situações é de completa desarmonia, pois por motivos diversos elas disputam o amor e atenção do homem amado; o mesmo acontece em relações entre cunhadas que às vezes se odeiam e disputam não só a atenção de seus homens, mas também a atenção que os filhos e elas têm na família. Descrevo apenas do ponto de vista de relações heterossexuais, pois desconheço situação semelhante em relações homoafetivas, o que não quer dizer que essas sejam superiores ou melhores, apenas ignoro tais fatos. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>As relações conflituosas se dão também entre mulheres que possuem laços sanguíneos. Não é incomum encontrarmos irmãs disputando o amor dos pais e tentando mostrar que uma é melhor do que a outra na escola, no trato com as pessoas, no trabalho e, depois de adultas, tentando mostrar quem tem a melhor família ou mais sucesso profissional. Mães e filhas disputam muitas vezes o espaço dentro de casa, não apenas o espaço físico, mas também o espaço da vida do sujeito marido e pai ou dos sujeitos irmãos e filhos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em espaços de trabalho, as relações entre as mulheres não são menos conflituosas. Durante muito tempo eu disse que preferia trabalhar em um local onde tivesse mais homens do que mulheres; também repetia a máxima de que preferia a amizade dos homens à amizade das mulheres; e, não poucas vezes, disse que achava as mulheres falsas. Ainda bem que o feminismo me ajudou a desconstruir isso. Hoje compreendo que o que gera estas relações de conflito entre nós não é nossa má índole, pois as expressões que citei acima fazem com que acreditemos que o mal está dentro nós. Hoje sei que essas relações são ruins porque fomos ensinadas a tornar isso verdade e a não confiar umas nas outras. Apesar de vivenciarmos a experiência de ter sempre uma grande parceira que nos ajuda e nos cuida nas horas de apuros, repetimos os chavões e perpetuamos relações desarmoniosas o tempo inteiro, porque a sociedade patriarcal nos ensina isso.</b></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O feminismo ensinou essa desconstrução não apenas a mim. Os movimentos feministas e as teorias feministas têm ensinado isso a muitas mulheres, de forma que hoje em dia páginas como a “<a href="https://www.facebook.com/movimentovamosjuntas/?fref=ts" target="_blank">Vamos juntas</a>” incentivam a parceria entre mulheres, principalmente em situação de perigo. A “<a href="https://www.facebook.com/revistaazmina/?fref=ts" target="_blank">Revista Azmina</a>” difunde ideias de feminismo e estimula a sororidade. Campanhas lançadas pelas hashtags <a href="https://www.facebook.com/hashtag/primeiroassedio?fref=ts" target="_blank">#primeiroassedio</a>; <a href="https://www.facebook.com/hashtag/meuprofessorabusador?fref=ts" target="_blank">#meuprofessorabusador</a>; <a href="https://www.facebook.com/hashtag/meuamigosecreto?fref=ts" target="_blank">#meuamigosecreto</a> e outras uniram as mulheres no compartilhamento de experiências, mas também na percepção de que podem andar juntas.</b></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>As mulheres negras cada vez mais buscam alternativas de se apoiarem enquanto sujeitos femininos que sofrem com as mazelas da sociedade patriarcal, mas que também sofrem com o racismo. A mulher negra é duplamente atingida em nossa sociedade, o que faz com que crie espaço de parceria e de resistência. Assim, grupos como o “<a href="https://www.facebook.com/groups/169479596721369/?fref=ts" target="_blank">Dada Mkutano/Encontro de Irmãs</a>” promovem encontros de mulheres negras; páginas como: “<a href="https://www.facebook.com/Negra.Feminista/?fref=ts" target="_blank">A Mulher negra e o Feminismo</a>”, “<a href="https://www.facebook.com/blogueirasnegras/?fref=ts" target="_blank">Blogueiras Negras</a>”, “<a href="https://www.facebook.com/NegraRosaa/?fref=ts" target="_blank">Negra Rosa</a>”, “<a href="https://www.facebook.com/NoivaNegra/?fref=ts" target="_blank">Noiva Negra</a>” e outras fazem com que as mulheres negras se vejam como parceiras na militância, na produção, na beleza e no compartilhar de momentos importantes.</b></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Se na literatura bíblica Rute jurou fidelidade a Noemi, neste dia do amigo podemos trabalhar para desconstruir a ideia de inimizade entre nós e passar a criar laços de lealdade e parceria. Que o texto bíblico usado em convites de casamento esteja presente também em nossas homenagens as nossas amigas, irmãs, sogras, mães, cunhadas, colegas, enfim... as mulheres que fazem parte de nossa vida.</b></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Feliz Dia da Amiga e do Amigo!</b></span></div>
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Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-73674162626808367692016-07-20T11:22:00.001-04:002016-07-20T18:27:19.078-04:00Aonde quer que tu fores irei eu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<img border="0" height="246" src="https://3.bp.blogspot.com/-2x7VyVIDlOg/V4-UzXz4kNI/AAAAAAAANhw/hCl1NPT8h6EeujgY8K1FVC0I-qn1BMn0QCLcB/s400/WomensDay_HeaderImage2013.jpg" width="400" /></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“... porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, </span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. (Rute 1:16-17).</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É comum encontrarmos a epígrafe deste texto em convites de casamento, pois ela revela a promessa de uma pessoa feita a outra: estarei sempre ao seu lado. No entanto, o que poucas pessoas sabem é que este texto foi dito por uma mulher a outra mulher. Esta é uma fala de Rute a sua sogra Noemi. Apesar do texto ser revelador da fidelidade de uma mulher a outra, na cultura patriarcal, somos ensinadas a ser rivais. Não necessariamente somos inimigas, mas constantemente somos colocadas em situações de competição.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A competição estimulada e ensinada às mulheres está presente em nosso cotidiano. A relação que se estabelece entre sogras e noras, em muitas situações é de completa desarmonia, pois por motivos diversos elas disputam o amor e atenção do homem amado; o mesmo acontece em relações entre cunhadas que às vezes se odeiam e disputam não só a atenção de seus homens, mas também a atenção que os filhos e elas têm na família. Descrevo apenas do ponto de vista de relações heterossexuais, pois desconheço situação semelhante em relações homoafetivas, o que não quer dizer que essas sejam superiores ou melhores, apenas ignoro tais fatos. </span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As relações conflituosas se dão também entre mulheres que possuem laços sanguíneos. Não é incomum encontrarmos irmãs disputando o amor dos pais e tentando mostrar que uma é melhor do que a outra na escola, no trato com as pessoas, no trabalho e, depois de adultas, tentando mostrar quem tem a melhor família ou mais sucesso profissional. Mães e filhas disputam muitas vezes o espaço dentro de casa, não apenas o espaço físico, mas também o espaço na vida do sujeito marido e pai ou dos sujeitos irmãos e filhos.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em espaços de trabalho, as relações entre as mulheres não são menos conflituosas. Durante muito tempo eu disse que preferia trabalhar em um local onde tivesse mais homens do que mulheres; também repetia a máxima de que preferia a amizade dos homens à amizade das mulheres; e, não poucas vezes, disse que achava as mulheres falsas. Ainda bem que o feminismo me ajudou a desconstruir isso. Hoje compreendo que o que gera estas relações de conflito entre nós não é nossa má índole, pois as expressões que citei acima fazem com que acreditemos que o mal está dentro nós. Hoje sei que essas relações são ruins porque fomos ensinadas a tornar isso verdade e a não confiar umas nas outras. Apesar de vivenciarmos a experiência de ter sempre uma grande parceira que nos ajuda e nos cuida nas horas de apuros, repetimos os chavões e perpetuamos relações desarmoniosas o tempo inteiro, porque a sociedade patriarcal nos ensina isso.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O feminismo ensinou essa desconstrução não apenas a mim. Os movimentos feministas e as teorias feministas têm ensinado isso a muitas mulheres, de forma que hoje em dia páginas como a “<a href="https://www.facebook.com/movimentovamosjuntas/?fref=ts" target="_blank">Vamos juntas</a>” incentivam a parceria entre mulheres, principalmente em situação de perigo. A “<a href="https://www.facebook.com/revistaazmina/?fref=ts" target="_blank">Revista Azmina</a>” difunde ideias de feminismo e estimula a sororidade. Campanhas lançadas pelas hashtags <a href="https://www.facebook.com/hashtag/primeiroassedio?fref=ts" target="_blank">#primeiroassedio</a>; <a href="https://www.facebook.com/hashtag/meuprofessorabusador?fref=ts" target="_blank">#meuprofessorabusador</a>; <a href="https://www.facebook.com/hashtag/meuamigosecreto?fref=ts" target="_blank">#meuamigosecreto</a> e outras uniram as mulheres no compartilhamento de experiências, mas também na percepção de que podem andar juntas.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As mulheres negras cada vez mais buscam alternativas de se apoiarem enquanto sujeitos femininos que sofrem com as mazelas da sociedade patriarcal, mas que também sofrem com o racismo. A mulher negra é duplamente atingida em nossa sociedade, o que faz com que crie espaço de parceria e de resistência. Assim, grupos como o “<a href="https://www.facebook.com/groups/169479596721369/?fref=ts" target="_blank">Dada Mkutano/Encontro de Irmãs</a>” promovem encontros de mulheres negras; páginas como: “<a href="https://www.facebook.com/Negra.Feminista/?fref=ts" target="_blank">A Mulher negra e o Feminismo</a>”, “<a href="https://www.facebook.com/blogueirasnegras/?fref=ts" target="_blank">Blogueiras Negras</a>”, “<a href="https://www.facebook.com/NegraRosaa/?fref=ts" target="_blank">Negra Rosa</a>”, “<a href="https://www.facebook.com/NoivaNegra/?fref=ts" target="_blank">Noiva Negra</a>” e outras fazem com que as mulheres negras se vejam como parceiras na militância, na produção, na beleza e no compartilhar de momentos importantes.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se na literatura bíblica Rute jurou fidelidade a Noemi, neste dia do amigo podemos trabalhar para desconstruir a ideia de inimizade entre nós e passar a criar laços de lealdade e parceria. Que o texto bíblico usado em convites de casamento esteja presente também em nossas homenagens as nossas amigas, irmãs, sogras, mães, cunhadas, colegas, enfim... as mulheres que fazem parte de nossa vida.</span></div>
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Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-54718722732259573832016-05-29T21:05:00.002-04:002016-05-29T21:05:50.393-04:00Beatriz<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-HNuFuBxZ5_Q/V0uRwP072lI/AAAAAAAANC0/J0MIvAWpqkgC9V18xj6L45tRgjzOjmybQCLcB/s1600/beatriz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="336" src="https://4.bp.blogspot.com/-HNuFuBxZ5_Q/V0uRwP072lI/AAAAAAAANC0/J0MIvAWpqkgC9V18xj6L45tRgjzOjmybQCLcB/s400/beatriz.jpg" width="400" /></a></div>
<br />Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-68056463362766848632016-04-03T18:57:00.000-04:002016-04-07T15:06:43.594-04:00Dilma, ligue para o 180 e denuncie a violência!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-WEb7jZE9F-o/VwGfuSmp4QI/AAAAAAAANAo/VSA9213yC7g5SrPl-OCEnS2IgbaL08YSA/s1600/dilma_oficial2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-WEb7jZE9F-o/VwGfuSmp4QI/AAAAAAAANAo/VSA9213yC7g5SrPl-OCEnS2IgbaL08YSA/s320/dilma_oficial2.jpg" width="212" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
Em 2001 a ONU publicou um relatório sobre a <a href="http://www.abebe.org.br/wp-content/uploads/oms2001.pdf" target="_blank">saúde mental</a> no qual aponta
que um dos motivos que faz com que as mulheres tomem mais medicamentos para
tratar transtornos psicológicos e psiquiátricos é a violência. Segundo o
documento, a “violência contra a mulher constitui um significativo problema
social e de saúde pública que afeta mulheres de todas as idades, todos os
antecedentes culturais e todos os níveis de renda” (ONU, p. 14). A violência
contra a mulher se caracteriza pela violação de seus direitos, o que se dá de forma física, sexual ou mental.
A <a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm" target="_blank">Lei nº 11.340</a>, de 7 de agosto de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha,
define que uma das formas de violência
contra a mulher é “a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que
lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica
e à autodeterminação” (Lei nº 11.340/07, Art. 7, II). O que vimos no editorial
de dois grandes veículos de comunicação neste final de semana foi a expressão
da violência cotidiana contra a mulher. Violência desferida contra a mulher que
ocupa o maior cargo político deste país: a Presidenta Dilma Rousseff. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
No dia 01 de abril, a Revista Isto é publicou na manchete de capa uma
reportagem chamada “<a href="http://www.istoe.com.br/reportagens/450027_UMA+PRESIDENTE+FORA+DE+SI?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage" target="_blank">Uma presidente fora de si</a>”. S<span style="line-height: 150%;">omente o título do texto já é
ofensivo e remete a um histórico machista de denominar as mulheres como loucas
e histéricas. No texto, o semanário diz que Dilma </span><span style="line-height: 150%;"> </span><span style="line-height: 150%;">sofre de transtornos psicológicos e afirma que
ela toma medicamentos fortes para que se acalme. </span><span style="line-height: 150%;"> </span><span style="line-height: 150%;">A Presidenta Dilma não é a primeira mulher a
ser taxada de louca ou histérica. Todas nós, mulheres, em maior ou menor grau, já fomos vistas uma ou outra vez assim, pois este estereótipo de mulher louca,
histérica ou desequilibrada mental é usado em nossa cultura machista para nos
deslegitimar. Quando uma de nós grita e fala mal no trânsito é</span><span style="line-height: 150%;"> </span><span style="line-height: 150%;">vista como uma louca mal amada ou uma
histérica de TPM, quando um homem faz isso é um cara com personalidade. Assim,
ao homem são atribuídos os valores considerados positivos pela sociedade e às
mulheres aqueles considerados negativos – reforça-se o binarismo: homem
racional/mulher emocional, homem seguro/mulher insegura; homem ativo/mulher
passiva.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
O jornal <a href="http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/04/1756924-nem-dilma-nem-temer.shtml#_=_" target="_blank">A folha de São Paulo</a> seguiu a mesma linha e neste sábado lançou
um editorial que sugere que a Presidenta deve renunciar para poupar o Brasil do
trauma de um impeachment, pois ela não tem mais condições de governar. O
interessante é que o jornal não aponta os motivos que a impedem de governar o
Brasil, apenas limita-se aos erros do seu partido e a falta de apoio do Congresso
Nacional. Isto não é motivo para dizer que ela não tem condições de governar,
pois qualquer pessoa no lugar dela não teria. Assim, o editorial pessoaliza a
crise política do país e coloca na pessoa da presidenta o problema dizendo que
ela “perdeu as condições de governar o país”. Ela não perdeu as condições, mas
está sendo impedida por um congresso mesquinho e por uma mídia que explora os
fatos envolvendo a corrupção de um único partido – deixando de dar visibilidade
aos demais envolvidos nos crimes de corrupção. Dilma reúne as qualidades
necessárias para governar, fato evidenciado pelos mais de 54 milhões de
brasileiros que depositaram seu voto nela na última eleição – que a reelegeu
para o mais alto posto político do Brasil. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
Os dois textos citados colocam uma das mulheres mais importantes do
mundo em uma situação constrangedora e se caracterizam como
violência contra a mulher. Dilma deveria fazer uma ligação ao serviço
disponibilizado no número 180 e denunciar os abusadores, mas seu cargo não
permite que a situação se resolva desta forma. Assim, é de extrema importância
que através dos meios legais disponíveis para a Presidência da República que a
mulher, legitimamente eleita para este
cargo, tome as providências contra aqueles que a estão violentando. Dilma já
foi violentada física e sexualmente durante a ditadura, já foi vaiada e ouviu
impropérios em um estádio de futebol, já teve sua morte desejada inúmeras vezes
e agora é taxada de louca e incapaz. Não é a primeira mulher a passar por situações vexatórias,
mas foi a primeira mulher brasileira a ser presidenta e a primeira a desfilar ao lado de
outra mulher, deixando os homens de fora do carro oficial no dia da posse. Dilma não é louca ou
incapaz, ela é uma mulher que com coração valente desafia intensamente o
machismo que impera em nossa sociedade. Machismo que ao tentar fazê-la passar
por louca e incapaz não somente quer lhe tirar o poder, mas também deseja
macular a imagem da primeira mulher a presidir este país. Da mesma forma que
muitas mulheres são vítimas de relações abusivas no dia-a-dia, a Presidenta
Dilma também está sendo – assim, nós, mulheres, devemos nos irmanar a ela, pois
se nem a maior autoridade do país está sendo poupada pelo sistema patriarcal e
machista, nós também não seremos preservadas se isso ficar impune.<b><o:p></o:p></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-top: 12.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-26703194235864114982016-03-13T19:35:00.001-04:002016-03-15T12:18:23.200-04:00Resquícios da escravidão na foto emblemática do dia 13 de março de 2016<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-qUMj93rDF-o/Vug1wrb11sI/AAAAAAAAM_k/pW9k0kjOvKIoO6xzp3bZZF1a-CbaDakYw/s1600/meme-perua.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="309" src="https://4.bp.blogspot.com/-qUMj93rDF-o/Vug1wrb11sI/AAAAAAAAM_k/pW9k0kjOvKIoO6xzp3bZZF1a-CbaDakYw/s320/meme-perua.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Viralizou no dia de hoje uma foto que apresenta uma
família branca formada por pai, mãe, dois filhos e um cachorrinho - seguida pela
babá negra. A família veste roupa verde e amarela em protesto contra o governo
do país e a babá usa o seu uniforme de trabalho. A família fotografada é do
diretor financeiro do Clube Flamengo, Claudio Pracownik, e a mulher que
trabalha no domingo ainda não foi identificada. O homem se ressentiu muito com
a exposição de sua família e desabafou usando as redes sociais. Ele diz em seu
desabafo que a mulher trabalha apenas nos finais de semana e é uma pessoa que
eles gostam muito, embora não a considerem da família. Ele ainda frisa que tem
um número grande de funcionários em sua empresa (segundo </span><a href="http://oglobo.globo.com/esportes/vice-do-flamengo-rebate-criticas-por-foto-com-baba-em-protesto-18867132" style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;" target="_blank">O globo</a><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> ele é sócio e Diretor Executivo do Brasil Plural Banco Múltiplo S.A) e mais 04
funcionários em sua casa. Assim, a foto seria uma afronta ao direito de
privacidade da família dele.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Claramente estamos diante da exposição de uma família
branca e da elite, caso contrário, não estariam ocupando espaço em um dos
maiores jornais do país. Além disso, a foto mexe numa ferida que teima em não
cicatrizar no Brasil: os resquícios da escravidão negra. Muitas pessoas estão
argumentando que a profissão de babá é regulamentada e que a mulher está apenas
trabalhando como os jornalistas que cobriam a manifestação. Outros dizem que é
uma mulher guerreira que não aceita Bolsa Família. Há ainda quem diga que se a
família não a empregasse por ser negra seria racismo, daí que não faz sentido a
acusação de racismos como o fato de a terem
empregado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O que as pessoas não conseguem entender é que a foto não
é de um passeio qualquer, embora pareça que a família Pracownik não considere
isto, pois leva até o cachorrinho para protestar. A foto representa um momento
de ação política e a mulher que acompanha a família branca tinha apenas duas
opções neste dia: acompanhar a família ou deixar o emprego – fato comprovado na
fala do patrão que diz que se ela não estiver satisfeita que abandone o
emprego. Isto evidencia que as mulheres negras continuam sendo tratadas como
sujeitos de segunda classe. A babá não pode escolher se queria protestar ou não
contra Dilma. Se ela é favorável ao atual governo, o seu direito foi ferido,
pois foi obrigada a participar e ser colocada nas estatísticas de participantes
de um ato que não concorda (preto para fazer número sempre serve). Se for
contrária ao governo, ela teve o seu direito de manifestar-se através de suas
roupas roubado por um uniforme que a coloca na posição subalterna e marca o seu
lugar social de serviçal da família branca caracterizada para o protesto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Até hoje conheci apenas uma pessoa que me disse que
queria ser empregada doméstica: uma mulher branca muito curiosa. Ela me contou
rindo que este desejo era porque ela queria saber o que tinha na casa das
pessoas e as empregadas poderiam ver isto. Lógico que quando ela cresceu isto
não se tornou realidade e hoje ela é uma mulher que trabalha em outra área. No
entanto, nunca vi uma mulher negra desejar ser empregada doméstica, de forma
que esta cena apresentada na semana que defenderei minha tese de doutorado me
faz lembrar da minha mãe dizendo que eu devia estudar “para não ter que limpar
chão de branco”, ou seja, ser empregada doméstica como a maior parte das
mulheres de minha família. As mulheres negras não escolhem a profissão de
empregada doméstica, elas assumem esta função porque precisam sobreviver
dignamente. Muitos dirão que nos dias de hoje muitas babás possuem curso
superior, pois são enfermeiras, pedagogas e etc. Nenhuma jovem negra faz curso
de pedagogia ou enfermagem para se submeter à função de cuidadora de criança.
Novamente estamos diante de uma função que precisa ser assumida para se viver
com dignidade, pois muitas vezes estas mulheres são rechaçadas do mercado de
trabalho pela cor de sua pele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por fim, a fala do próprio Claudio Pracownik expõe o
resquício de escravidão quando se fala
de serviço doméstico: “emprego centenas de pessoas no meu trabalho e na minha
casa mais 04 funcionários. Todos recebem em dia. Todos têm carteira assinada e
para todos eu pago seus direitos sociais. Não faço mais do que a minha
obrigação! Se todos fizessem o mesmo, nosso país poderia estar em uma situação
diferente”. Ele se orgulha de ter empregados, centenas em sua empresa e mais 04
em casa – o mesmo orgulho que os senhores de escravo sentiam ao contar suas “peças”
que contribuíam para a economia do café, do açúcar, enfim para o crescimento do
Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A manifestação de hoje comprova que a Casa Grande não se
conforma com os direitos adquiridos pelas minorias, principalmente pelas
mulheres negras que hoje já podem vislumbrar outras oportunidades de vida além
de serem empregadas domésticas. Apesar de não protestarem contra os avanços
legais que temos em nosso regime trabalhista, ao demonstrar orgulho por pagar
em dia os salários e direitos sociais, a fala do diretor financeiro do
Flamengo, comprova que a Casa Grande não
se conforma com os avanços do Brasil dos últimos anos. O inconformismo é porque
é muita ousadia alguém questionar o fato da empregada negra carregar os filhos
do branco em um domingo de sol numa manifestação política. Também é muita
ousadia negras estarem nas universidades como estudantes e não como serviçais.
Mais ousadia ainda é pobre ter o que comer e até acesso a internet, que
permitirá aos negros e às negras pensarem e refletirem sobre a situação
vivenciada por esta mulher negra que foi exposta pela manutenção do pensamento
escravagista na sociedade brasileira. <o:p></o:p></span></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-23852696399444363682016-03-09T14:41:00.003-04:002016-03-09T14:53:24.782-04:00Extremos na representação da mulher<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-FSQmQa0psUA/VuBxGI50akI/AAAAAAAAM-4/ki1vZ4jYfwM/s1600/noiva.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-FSQmQa0psUA/VuBxGI50akI/AAAAAAAAM-4/ki1vZ4jYfwM/s320/noiva.jpg" width="298" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<span style="text-align: justify;">No final do ano passado um vídeo de uma menininha chorando porque queria um marido viralizou na internet. A mãe recebeu críticas positivas e negativas por ter filmado a criança.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Veja o vídeo:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dz5BrHdpRoF0Gte6CiTtUAz-Lspkqr6LJaK9Y60p1iIPGxn-Ij3gUJlUG54UrIT8BIrhMsrIg1sXbuJgYEUXA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<span style="text-align: justify;">Nesta semana, um novo vídeo com uma menina falando de homens está tomando conta da rede. Trata-se de uma menina que com um discurso eufórico abre mão de casar porque percebe que macho é preguiçoso e não faz nada.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Veja o vídeo:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dyMJoTbjTvjxOfciYP38Fa1O9QxxEP0WAFLZS7m5qI1QDZh-YT22O5wpVnTdsX26lJnxTCKzJA1bmEgl7DJPA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em ambos os vídeos vemos meninas em situações de stress (chorando ou falando de forma muito alterada) do lugar que os homens ocupam em suas vidas. No primeiro vídeo, a menina construiu em seu imaginário que não ter um marido a tornaria menos que os outros, daí o seu choro e inconformismo diante da situação. No segundo vídeo, a menina acredita que todos os machos são preguiçosos e faz um levantamento de todas as coisas que ela não quer fazer para macho. O ápice acontece quando ela diz que não irá casar, mas sim se vingar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As duas meninas são lindas e os vídeos apresentam uma situação cotidiana, parecendo não terem sido planejados. As pessoas que filmaram as garotas, provavelmente, não imaginaram a repercussão que os vídeos teriam. Se o fato de filmar é bom ou ruim, não nos cabe pensar neste momento. O que nos interessa é a posição destes sujeitos femininos que demonstram ser vitimas do patriarcado ainda em idade tão tenra: uma asseverando que precisa de um homem para ser completa e a outra negando esta possibilidade e prometendo uma vingança. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A representação do que significa ser mulher para essas meninas precisa ser problematizada, pois ser mulher não significa necessariamente ter um marido, assim como ter um marido não significa necessariamente ter que lavar cuecas de macho. Vale também pensar na representação do papel do homem na família pois parece que o homem é o que torna a mulher alguém que não fica para trás, mesmo sendo um preguiçoso. Destaque também deve ser feito para a a concepção de relação afetiva: a mulher somente cabe o casamento com um homem ou então deve ser uma vingadora. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não será urgente pensar sobre a representação de mulher que estas meninas e tantas outras têm?<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
* Os vídeos foram reproduzidos da internet.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<br />
<br />Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-3690936799517705982016-02-24T19:52:00.001-04:002016-02-29T14:15:08.822-04:00Irene Preta<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alberto_Henschel_-_Baba_com_o_menino_Eugen_Keller.jpg" target="_blank"><img border="0" height="400" src="https://2.bp.blogspot.com/-RfQNLmBwKMQ/Vs5BMqKmksI/AAAAAAAAM-E/Ex2qcB40NU8/s400/373px-Alberto_Henschel_-_Baba_com_o_menino_Eugen_Keller.jpg" width="247" /></a></span></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: #f9f9f9; color: #252525; font-family: sans-serif; font-size: 13.3px; line-height: 19.3455px;"><a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alberto_Henschel_-_Baba_com_o_menino_Eugen_Keller.jpg" target="_blank">Babá com o menino Eugen Keller </a></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-size: x-small;">
</span>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>Minha babá era um avião de mulher, uma mulata mineira chamada Irene que causava furor onde quer que passasse. Eu ia para a escola ouvindo os homens uivando, ganindo, gemendo, nas obras, nas ruas, enquanto ela seguia orgulhosa. Sempre associei esse fenômeno à magia da Irene. O assédio não a diminuía, pelo contrário, era um poder admirável que ela possuía e que nunca cheguei a experimentar. </b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>(Fernanda Torres - 2016)</b></span></div>
<span style="font-size: xx-small;"><b></b></span><br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b><br /></b></span></div>
<span style="font-size: xx-small;"><b>
</b></span>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>Irene no Céu</b></span></div>
<span style="font-size: xx-small;"><b>
</b></span>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>Irene preta </b></span></div>
<span style="font-size: xx-small;"><b>
</b></span>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>Irene boa </b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>Irene sempre de bom humor. </b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>Imagino Irene entrando no céu: </b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>- Licença, meu branco! </b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>E São Pedro bonachão: </b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>- Entra, Irene. </b></span></div>
<div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><b>Você não precisa pedir licença.</b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<b><b>(Manuel Bandeira - 1936)</b></b><br />
<span style="font-size: xx-small;"><b><b>
</b></b></span></div>
<span style="font-size: xx-small;"><b>
</b></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
leitura do texto de Fernanda Torres em uma coluna do <a href="http://agoraequesaoelas.blogfolha.uol.com.br/2016/02/24/mea-culpa/?cmpid=compfb">Jornal
a Folha de SãoPaulo</a><a href="http://agoraequesaoelas.blogfolha.uol.com.br/2016/02/22/mulher/"> </a>me
fez lembrar uma poesia de Manuel Bandeira, Irene no Céu. A minha lembrança
se deve ao fato da atriz ter escrito um texto em que fala de algumas
experiências vivenciadas por ela e emite juízo de valor sobre fatos do
cotidiano feminino – tudo, como diria o editor alemão que não aceitou publicar
o livro por ela escrito, a partir de uma perspectiva machista. Fernanda Torres
neste texto apresenta-se machista, racista e preconceituosa com as classes
sociais mais baixas. Ela fala de sua experiência de mulher branca e emite juízo
sobre diversas situações vivenciadas pelas mulheres sem atribuir nomes ou citar
casos, a exceção da história de Irene e de uma morena que ela conheceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
trecho em que a atriz fala de Irene diz que a mulher sentia-se orgulhosa de
ouvir “os homens uivando, ganindo, gemendo, nas obras, nas ruas” quando ela
passava. A descrição que temos de Irene é de uma mulher negra, muito bonita e
orgulhosa, mas que Fernanda não consegue assim definir, de forma que usa a
palavra mulata<a href="https://www.blogger.com/null" name="_ftnref1">[1]</a>. A definição de Irene como mulata já
marca o racismo. O machismo vem em seguida quando ela assume que a mulher era
assediada, mas isso não a diminuía, pelo contrário, revelava um poder que ela
tinha. Fernanda não consegue entender que nesta época, provavelmente há uns 40
anos atrás, o espaço de fala e a cultura das mulheres eram completamente
diferentes dos dias atuais. Tempos atrás, as mulheres nem percebiam que estavam
sendo agredidas quando vivenciavam estas situações, que as incomodavam, mas que
para melhor sair delas, o certo era ignorar ou fingir que gostavam. Irene parece
que ignorava, pois seguia orgulhosa o seu caminho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
outra mulher que Fernanda cita em seu texto é uma morena, cuja casa só tinha
“lugar para um homem, e esse homem era ela”. Temos a descrição de um sujeito
feminino, provavelmente negro, que não aceitou as imposições de um sujeito
masculino e que pela cultura machista de nossa sociedade atribuiu isso ao fato
de também ser homem. A visão de Fernanda Torres é tão bitolada, tão machista e
tão arcaica que ela não consegue interpretar que esta mulher estava sendo
feminista e buscando a sua liberdade de forma destemida, sem saber as palavras
que deveria usar. Contudo, o preconceito da colunista é tão grande que ela não
consegue ver além do sexo (gênero ela não entenderia), esquecendo que este
sujeito tem uma história e uma cultura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fernanda
Torres é a mulher branca que sempre teve uma preta para cuidar dela, de sua
casa e de suas obrigações (dentre elas os seus filhos). É a mulher que sofreu
poucos abusos na vida, pois a sua condição social a blindou de muita coisa. É a
mulher que acredita que a falta de estrutura familiar atinge somente os pobres,
conforme se lê no trecho escrito por ela:<o:p></o:p></span></div>
<blockquote class="tr_bq" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: xx-small;">Nas
camadas mais desassistidas, o fim do casamento indissolúvel produziu milhares
de lares sem pai, onde a avó e a mãe servem de esteio para a estrutura
familiar. Na falta de creches, de escolas, do estado para ampará-las, a tarefa
de criar rapazes que não repitam a violência e o abandono dos pais e meninas
que deem um basta na escravidão das mães, é uma missão que beira o inatingível.</span></span></blockquote>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ela
não consegue ver as mulheres ricas e brancas com uma estrutura familiar
desequilibrada como esta. Ela também não acredita que os homens das classes
mais abastadas reproduzam o machismo, talvez daí venha sua aversão ao feminismo
e àquilo que ela chama de “vitimização do discurso feminista”, pois ela não tem
esta estrutura familiar e não teria um homem que a violentaria e abandonaria
seus filhos (como aparece nos noticiários).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
que Fernanda não percebe é que ela foi tão ou mais vítima do que as mulheres
pobres e negras são. Ela teve um livro rechaçado sob a acusação de ser
machista. No entanto, mesmo que ele não fosse, ele poderia ter sido rechaçado
só por ela ser mulher e latina, ou seja, ela é tão vítima do machismo como
Irene e a morena. O que diferencia Fernanda das outras mulheres é a cor da sua
pele e o valor da sua conta bancária, que dão a ela o poder de ter coisas que
Irene nunca teria, dentre elas, o espaço no jornal. Irene só ocuparia este
espaço se fosse estuprada e morta por um dos seus assediadores. Fernanda,
podendo ocupar este espaço, faz mau uso dele, justificando a violência que ela,
Irene e a morena sofreram. A atriz não percebe que o machismo a viola todos os dias,
que o racismo acaba com Irene todos os dias, que a pobreza acaba com mulheres
todos os dias, pois no mundo dela basta ser branca e rica. Fernanda nunca
chegou a experimentar o poder de Irene, assim como não experimentou e nunca
experimentará a subalternidade dela, a qual é expressa até no imaginário de um
poeta que a vê pedindo licença para entrar no céu. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fernanda precisa
experimentar ou imaginar outras coisas da vida de Irene e da morena, talvez
assim sinta mais empatia e consiga sentir não o companheirismo que ela tanto
inveja nos homens, mas a sororidade das mulheres, que a fará se incomodar com o
machismo, rever sua admiração pelo machões e se desculpar por ter falado mal de
Irene que a criou, pois apenas se <a href="http://agoraequesaoelas.blogfolha.uol.com.br/2016/02/24/mea-culpa/?cmpid=compfb">desculpar</a> com
as mulheres que a criticam não é suficiente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
</span><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="_ftn1"><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[1]</span></a><span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-small;">Feminino
de mulato, termo de origem espanhola derivado de "mulo"
(animal híbrido, resultado do cruzamento de cavalo com jumenta ou jumento
com égua). As palavras "mulato" e "mulata" foram
usadas de forma pejorativa para designar os filhos mestiços de mulheres
negras escravizadas que coabitavam com os escravizadores brancos.</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
</div>
</div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-77858082740904742192016-02-20T09:08:00.000-03:002016-02-20T14:54:30.051-03:00Professores Abusadores<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-w8r5bg4jNOs/VshWU-8XVnI/AAAAAAAAM50/5TL-buMth1A/s1600/professores%2Babusadores.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="157" src="https://4.bp.blogspot.com/-w8r5bg4jNOs/VshWU-8XVnI/AAAAAAAAM50/5TL-buMth1A/s400/professores%2Babusadores.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto da Comunidade Meu Professor Abusador</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Há
dias em que as pancadas da vida são
terríveis. Hoje foi um deles. Iniciei meu dia com uma amiga me chamando a
atenção para um <a href="https://www.facebook.com/Apoio-%C3%A0-Thais-contra-o-ass%C3%A9dio-moral-e-sexual-588967874569424/?fref=ts" target="_blank">vídeo</a> em que uma doutora formada por uma renomada universidade
pública brasileira retoma um triste episódio
de assédio sexual, o qual foi seguido de assédio moral, ambos ocorridos com ela na mesma instituição.
Há algum tempo acompanho o caso desta pesquisadora e muito me entristeço com a forma
como isso é tratado no meio acadêmico: ou se omitem ou escondem estas
situações. Devido ao compartilhamento do vídeo, acabei conversando com um
amigo, também acadêmico de uma renomada instituição, e ele não sabia do
ocorrido com a pesquisadora de São Paulo. Este amigo é uma pessoa com
militância política, logo deveria saber do episódio, mas ele desconhecia –
comprovando assim o silêncio da academia quando o assédio é com mulheres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E
minha manhã não poderia acabar pior, pois passeando nas páginas do Facebook,
encontrei uma comunidade chamada <a href="https://www.facebook.com/Meu-Professor-Abusador-1123550511018710/?ref=ts&fref=ts" target="_blank">Meu Professor Abusador</a>. Esta página tem pouco
tempo, parece que menos de um mês. Ela foi criada por meninas de Porto Alegre
(minha cidade natal) e talvez por isso o maior número de relatos seja do Rio
Grande do Sul. O objetivo da página é denunciar, anonimamente, casos de assédio
sofridos por mulheres. Creio que li mais de 50 pequenos relatos e me entristeci
a ponto de chorar. Identifiquei escolas por onde já passei ou onde lecionam
amigos, ou pior ainda, locais em que estudam filhas de pessoas que me são
queridas. O mais triste de tudo foi identificar professores, colegas de
profissão, que são os assediadores. Alguns dos identificados já carregam esta
fama e não se faz nada, porque não tem como se fazer qualquer coisa; no
entanto, outros carregam a fama de bons moços ou de homens de respeito, advindo
daí o espanto, nojo, medo e vergonha de compartilhar a profissão com eles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na
referida página há denúncias de meninas que adentram a puberdade, aquelas que
temos vontade de abraçar e dizer que o mundo não é assim. Há histórias de meninas
mais velhas, beirando os 18 anos, e para estas a gente sente vontade de dizer
para entrar na luta, pois logo tudo irá acabar. Só que percebemos que isso
seria mentira, porque há relatos de mulheres com mais de 20, 30, 40 anos que
sofreram as mesmas coisas na adolescência, enquanto estavam na escola; na
juventude, enquanto estavam na graduação; na vida adulta, quando estavam na
pós-graduação ou em cursos de formação para adultos – o que demonstra que a
luta vem de tempos e que talvez ainda se estenda por mais tempo ainda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dizer
que o mundo é cor de rosa seria mentira, dizer que já vai passar também é,
contudo, dizer que não podemos nos calar é a única solução. Hoje é preciso
dizer que não podemos aceitar o assédio porque somos mulheres. Não podemos
aceitar o assédio porque somos mulheres negras. Não podemos aceitar o assédio
porque somos mulheres trans. Enfim, não podemos aceitar o assédio porque somos
nós, seja esse nós quem ou como for. Os homens não podem continuar assediando e
achando que isto está certo, pois a falta de punição passa essa ideia. As
escolas, as universidades, os espaços de ensino não podem continuar permitindo
e perpetuando uma cultura que subalterniza o sujeito feminino. A voz das
mulheres precisa ser ouvida e aquilo que ocorre conosco não pode ser tratado
como algo sem importância ou como má interpretação da situação.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">É
chegado o momento de agir no âmbito legal e de agir nos domínios do discurso.
Não temos muitas armas, pois é nossa palavra contra a deles, em qualquer lugar.
No entanto, precisamos fazer alguma coisa: conseguir testemunhas, guardar
provas (conversas, mensagens, enfim), denunciar (mesmo sabendo que podem não
nos ouvir), modificar a forma de educar/tratar os homens (seja o filho, o
irmão, o amigo – não é bonito assediar ninguém, tampouco é demonstração de virilidade).
Mas, principalmente, não devemos nos sentir culpadas e guardar isso conosco,
pois a culpa e o medo nos imobilizam e permitem que esses absurdos se perpetuem
nos locais que deveriam nos proteger e libertar.</span></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-10933501503095688342016-02-13T09:03:00.000-03:002016-02-13T09:11:12.270-03:00Nossos cabelos, nossa ancestralidade e nossa resistência cotidiana<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-vGdR4MdQIU0/Vr8ZF4ysguI/AAAAAAAAM5Y/HG-HdlgHOAY/s1600/cabelo%2Be%2Bancestralidade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="192" src="https://1.bp.blogspot.com/-vGdR4MdQIU0/Vr8ZF4ysguI/AAAAAAAAM5Y/HG-HdlgHOAY/s320/cabelo%2Be%2Bancestralidade.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem de https://ofpagesandstages.wordpress.com/</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em meio ao debate
acalorado sobre relações raciais, recomendo e reflito sobre dois textos
espetaculares: </span><a href="http://www.criola.org.br/mais/bell%20hooks%20-%20Alisando%20nosso%20cabelo.pdf" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><i><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Alisando nosso cabelo</span></i></a><i style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">, </span></i><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">da Bell Hooks (em inglês, </span><a href="http://www.africanholocaust.net/news_ah/straightening-our-hair-by-bell-hooks.pdf" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">aqui</span></a><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
ou na tradução do Crioula que está perfeita), e sobre a série estadunidense que
está dando o que falar: <i>How to get away
with murder</i>, estrelada pela Viola Davis.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O episódio 13 – <i>Mama’s here now </i>ou <i>Mamãe está aqui agora</i> – é uma pancada! Nele finalmente vemos a
fragilidade da aguerrida professora e advogada Annalise Keating (Viola Davis),
a interação conflituosa de gerações, questões sobre o estupro de mulheres,
nesse caso especificamente negras, feridas ainda não cicatrizadas entre mãe e
filha, a polêmica sobre receber um nome e se autonomear, o problema de a
população afrodescendente viver com doações/sobras alheias. Todos os temas
interseccionados sem linearidade, tal qual trabalho nas questões de gênero e
raça. A coisa toda acontece simultaneamente e uma temática influencia a outra
para que o caso seja único entre Annalise e sua mãe Ophelia (Cicely Tyson).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Realmente me senti
representada, não porque eu tenha uma relação conflituosa com minha mãe ou
porque tenha passado pelos mesmos problemas das personagens, mas, porque, além
da raça e do gênero, vi um mix de temas importantes sendo evidenciados: mães
superprotetoras que parecem não proteger suas filhas; a firmeza de Ophelia nos
cuidados da filha para que não desanimasse diante de um momento depressivo (a
morte do marido); defeitos e qualidades de mulheres negras expostos ali, de
maneira complexa; o fim de personagens mulheres negras circunscritos a alegorias,
exclusivamente; o retrato de mulheres negras como seres humanos em estas contradições
e acertos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Na infância, Annalise
foi estuprada pelo tio e sempre achou que sua mãe, além de saber de tudo,
preferiu ignorar o acontecido, motivo pelo qual carregava consigo extrema mágoa
da mãe. Por sua vez, Ophelia acreditava que a filha poderia ser a assassina do próprio
marido.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E o que essa história
toda tem a ver com o texto de bell hooks? Então pessoas, esse nó principal, e
outros menores, se desfazem em uma cena sobre ancestralidade. A fim de
descobrir a versão de sua filha sobre o assassinato do marido, Ophelia chama
Annalise para: PENTEAR-LHE OS CABELOS! É isso mesmo minha gente, algo tão
simples, mas que eu mulher negra que já fui criança, e tantas outras mulheres
negras espalhadas por essa diáspora (como a própria bell hooks e talvez você
leitora) sabemos que é um dos maiores atos de afeto entre mãe e filha negras.
Bell hooks diz que neste cuidado “tínhamos um mundo no qual as imagens
construídas como barreiras entre a nossa identidade e o mundo eram abandonadas
momentaneamente, antes de serem reestabelecidas. Vivíamos um instante de
criatividade, de mudança”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O ato de pentear os
cabelos exige todo um ritual e Ophelia, pobre e idosa, mostra parte deste rito quando
faz a imponente profissional Annalise, que ali na intimidade é apenas mais uma
filha, respeitar toda a sua história como mãe e mulher negra e sentar-se no
chão para ser penteada. É também nesse momento de intimidade e carinho que essas
mulheres compartilham as verdades mais escondidas de suas trajetórias. Ophelia
fala que homens sempre pegam o que querem das mulheres e diz que viu o dia em
que o tio de Annalise saiu do quarto da garota durante a madrugada, soube o que
ele tinha feito com ela e que pouco tempo depois, tirou as crianças de casa e
com um simples fósforo e o álcool da garrafa de bebida do tio, se livrou do
homem que estuprara sua filha. Menciona, igualmente, o preço que pagou pelo ato,
pois perdeu o único lugar que tinha para abrigar sua família e viveu durante
muito tempo de doações da igreja, coisa que “Anna Mae” sempre detestou. Após
essa declaração a personagem forte de Cicely Tyson, diz que às vezes as pessoas
só fazem o que têm que fazer e termina dizendo que não julgará a filha, caso
ela tenha matado Sam. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O cuidado da produção
com esse momento tão caro às mulheres negras faz com que uma cena extremamente
densa se torne algo de uma beleza singular. Nenhuma descrição que eu fizesse
faria jus ao que se passa na tela, e o modo como a cena me tocou provavelmente
será diferente do como tocará outras mulheres, o que atribuo às experiências
que cada uma de nós viveu.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O processo de tornar-se
mulher negra sobre o qual bell hooks discorre em seu texto, inevitavelmente se
faz presente na cena; a intimidade e o afeto entre mulheres negras mostra uma
prática ancestral, que resiste: resiste aos séculos, resiste ao racismo, ao
capitalismo e suas práticas de embranquecimento das mulheres negras, e me
parece resistir porque representa a <i>práxis</i>
máxima do afeto entre duas mulheres negras. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em tempos, de uma
internet quase sem tolerância, nos quais xingar/falar mal de mulheres negras
pelas características de seus cabelos é algo comum e naturalizado, faz-se
necessário lembrar que tal atitude não ofende apenas a mulher e a sua
autoestima - não é tão simples de ignorar porque não diz respeito apenas ao
sujeito que nós somos; o que dói em muitas de nós é a ofensa a toda uma
tradição e às memórias afetivas positivas que temos de nossas mães, nossas, avós,
tias, primas, bisas, irmãs e até mesmo amigas. Ofender nossos cabelos ofende a
uma história compartilhada somente entre mulheres negras, mas independente de
tudo isso, e talvez até contrariando um pouco o desenvolvimento da argumentação
de bell hooks (que escreveu seu texto em 1989), esses momentos de doação, de amor,
de companheirismo, de criatividade e de intimidade resistem quase que silenciosamente.
Eles não se renderam e nem se rendem ao mercado; e, acredito, não se rendem
porque manter nossas tradições nos pequenos atos diários significa mostrar para
as mulheres que amamos o quanto somos poderosas juntas. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Esse pequeno ato de
resistência cotidiana entre mulheres negras vale muito mais do que enormes
textos sobre sororidade, porque ele diz, para nós mesmas, que não estamos sós
nesse mundo cheio de racismo, de machismo e de violência.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-eMyz6D9FEFo/Vr8all5-L6I/AAAAAAAAM5k/0sNkUH6fLdk/s1600/Ad%25C3%25A9lia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><img border="0" height="131" src="https://1.bp.blogspot.com/-eMyz6D9FEFo/Vr8all5-L6I/AAAAAAAAM5k/0sNkUH6fLdk/s200/Ad%25C3%25A9lia.jpg" width="200" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; font-style: italic; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A autora deste texto é </span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><b style="font-style: italic;">Adélia Mathias</b><i>. Jovem mulher negra formada em Letras, doutoranda em Literatura na Universidade de Brasília e uma militante feminista e anti-racista que coloca paixão e emoção no que faz e no que escreve. </i></span></span></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-43847886461226884672016-02-09T19:10:00.000-03:002016-02-10T08:35:29.580-03:00Descolonizando nossas mentes<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-NhxuW4fy784/VrplDNQ5wZI/AAAAAAAAM5I/Y97SdsAZ6rA/s1600/aladdin3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="257" src="https://1.bp.blogspot.com/-NhxuW4fy784/VrplDNQ5wZI/AAAAAAAAM5I/Y97SdsAZ6rA/s320/aladdin3.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">“A
maneira como formulamos ou representamos o passado molda nossa compreensão e
nossas concepções do presente” (Edward Said, 2011, p. 36). Esta é a frase que
me veio à mente quando vi a foto de uma
família formada por pais brancos e filho negro que tem causado polêmica neste
carnaval. O motivo de tal polêmica foi o fato dos pais se fantasiarem de Aladdin
e Jasmine e o menino ser fantasiado de Abu, o macaco de Aladdin. A imagem que
tem circulado nas redes sociais e manchetes de jornais é marcada por uma série
de comentários de negros e brancos. Alguns defendem os pais argumentando que eles estavam apenas
brincando e o preconceito está nos olhos de quem vê – argumento de brancos que
nunca sentiram o preconceito ou de negros que precisam se desalienar a partir
de uma “tomada de consciência das realidades econômicas e sociais” (Fanon, 2008,
p. 28). Outros apontam que foi racismo e que os pais devem ser punidos por
terem feito uma exposição racista da criança, novamente há brancos e negros: os
primeiros são os partidários das ações de resistência ao racismo e que
reconhecem os privilégios que sempre tiveram por sua cor de pele; os segundos
reconhecem-se como vitimas históricas deste sistema racista e exigem
reparações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Entretanto, tanto o grupo de defesa
dos pais, quanto o grupo de acusação não percebe que problema não é um caso
isolado. A fantasia da família apenas foi chocante porque o menininho é o
macaco e temos presenciado muitos negros sendo chamados de macacos nos últimos
tempos: Tinga, Neymar, Aranha, Arouca, Maju, Thais Araújo, etc. O grande problema
é, na verdade, a colonização das mentes, que faz com que muitos negros e
brancos naturalizem o racismo de tal forma que ele passa despercebido. Se
fizermos uma busca rápida na página pessoal do pai do menino que foi fantasiado
de macaco, perceberemos que ele é um fã da Disney, assim como é um apaixonado
pelo filho. As fotos revelam uma família em que a mãe é comparada a uma
princesa da Disney e o olhar do filho é capaz de mudar a vida do pai. O
problema desta família, como de boa parte das pessoas que não percebem o
racismo em uma situação como esta, é a colonização das mentes, ou seja, essas
pessoas estão tão tomadas pela globalização, capitalismo, e pelos ismos alienadores
que não conseguem perceber o peso dos seus atos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A
gravidade da foto é a mesma que acomete crianças negras que não se vem
representadas em brinquedos, programas de televisão e espaços de diversão. É a
mesma que ataca o jovem negro que é assediado pela polícia, pois faz parte do
grupo em atitude suspeita. É a mesma que agride a mulher negra que é vista como
boa para a cama e para a cozinha, mas não para casar. Estes três exemplos
mostram situações tão naturalizadas que fazem
com as bonecas negras, de mesma marca e material das bonecas brancas, custem
mais barato nas lojas. Muitos ainda atravessam a rua quando avistam um grupo de
meninos negros da periferia ou acham natural colocar estes meninos amarrados em
postes se cometerem alguma infração. Outros fantasiam sexo com mulheres negras,
mas nunca assumiriam um relacionamento com uma – basta ver os índices de
mulheres negras solteiras e sozinhas. E há ainda aqueles que, de forma natural,
perguntam se a negra em determinado lugar ocupa a posição serviçal: empregada
doméstica em ambientes familiares, recepcionista ou copeira em outros locais de
trabalho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Enfim,
a foto mostra a necessidade de mudança nos discursos e nos espaços de poder e
de representação. A mudança nos discursos passa por tornar perceptível a
existência do racismo, seja agindo como o goleiro Aranha, seja chamando a
atenção para o absurdo da fantasia da família. A mudança nos espaços de poder
se dará oportunizando a negros e a negras a ocupação de espaços historicamente
destinados aos brancos: nas universidades, no serviço público ou em posições de
chefia nas empresas privadas. A mudança nos parâmetros de representatividade
passa por modificarmos os currículos das escolas, por exigirmos brinquedos que
representem todas as crianças, por não aceitarmos negros apenas em papéis subalternos nas televisões. Enfim, brancos e negros precisam reconhecer que o
racismo é mais do que uma atitude, é uma estratégia para colocar um grupo em
posição subalterna a outro. Além disso, não se pode ignorar que esta estratégia
tem sido bem sucedida, pois não percebemos a existência de um passado escravagista
que animalizou homens e mulheres negras, de forma que ainda reproduzimos, na
atualidade, práticas racistas e discriminatórias como a da foto ou de tantas
outras que vemos diariamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Referências<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt;">FRANTZ,
F. <b>Pele Negra Mascaras Brancas</b>.
Salvador: EDUFBA, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt;">SAID,
E. W. <b>Cultura e Imperialismo</b>. São
Paulo: Companhia das Letras, 2011<o:p></o:p></span></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-70638633170687590422015-12-10T09:54:00.000-03:002015-12-10T09:55:13.737-03:00Ajudante da Professora<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-N8ixcyV7UdM/Vml1AoGc80I/AAAAAAAAMmE/VyDMwGJSS2s/s1600/3381346993_f953dfe9d8_b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-N8ixcyV7UdM/Vml1AoGc80I/AAAAAAAAMmE/VyDMwGJSS2s/s320/3381346993_f953dfe9d8_b.jpg" width="278" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem de <a href="http://picssr.com/photos/36665973@N02/page10" target="_blank">Paty Zanata's</a></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b>Este texto não quer ser
acadêmico, o que para mim, doutoranda em fase de conclusão da tese, parece
estranho. O motivo deste texto não
querer ser acadêmico se dá pelo mesmo motivo que muitas vezes faz com que a
academia rechace a mim, aos meus textos e, mais triste ainda, aos meus irmãos e
irmãs negras: intolerância.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b>Em
2001 quando iniciei a graduação, já passando dos 20 anos, eu andava como toda
caloura, cheia de entusiasmo na UFRGS, quando uma senhora me interpelou para
pedir uma informação, no entanto, ela me abordou perguntando se eu trabalhava
ali. Estava marcado o racismo: uma preta no <i>campus
</i>deveria ser trabalhadora. Vale ressaltar que eu fiz um curso normal de
quatro anos e meio, em um calendário escolar que colocava o início do ano
letivo em julho, num sistema estadual marcado por greve. Eu nunca fui
reprovada, mas o sistema marcou minha entrada tardia na universidade.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b>O
tempo passou, a graduação acabou e veio o Mestrado. Já mais autônoma e sabendo
melhor o lugar das pretas no mundo, decidi que abordaria a educação para as
relações étnico-raciais na pesquisa, afinal, eu era uma licenciada em Letras e
acabava um Mestrado. Uma das pessoas da banca disse que minha dissertação era
um “panfleto do movimento negro”. Isso tem duas leituras possíveis: a positiva
é a de que um panfleto tem uma causa e um objetivo específico, e minha
dissertação tinha isso. No entanto, um trabalho acadêmico construído por dois
anos ser resumido a isso significa, no dia a dia da academia, que ele é mal
elaborado. Ou seja, não era um elogio, era uma crítica. E esta crítica veio
porque na academia o lugar do negro, principalmente da negra, é simplesmente
ocupar um lugar decorativo (relembrando a carta da semana). Assim, eu deveria
fazer minha pesquisa sobre literatura africana sem falar da importância da
África para o Brasil e, principalmente, para a educação brasileira. Por que não
poderia falar disto? Porque isso obrigaria a universidade olhar para si mesma e
perceber que não estava tudo tão bem assim.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b>Avançaram
os anos e estou no doutorado, fui a primeira representante discente negra do
Programa de Pós-Graduação em Literatura da UnB. Colegas e professores sempre
elogiaram a minha prática de trabalho, pois era presente nas reuniões e nas
atividades cotidianas de representação dos alunos, mas eu incomodava, porque
afinal de contas a voz que confrontava os professores e representava os alunos era
uma voz feminina e negra. Então, em diversos momentos fui questionada sobre se
o que eu falava era a expressão do desejo dos alunos, quando discorria aos
docentes. Ao falar com os colegas discentes, mais de uma vez precisei provar
que levava as suas demandas e que não usava aquele espaço como um degrau de
entrada na academia, ou pior ainda, que não me submeteria a levar qualquer
desvario individual como uma demanda do grupo para reuniões colegiadas. Assim,
eu, mulher negra, era o tempo todo confrontada neste espaço: de um lado era a
negra que, mesmo discente, estava entre os doutores da literatura; de outro,
era a negra que tinha que provar que não era o capacho de professores e nem boi
de piranha de interesses individuais. Ao precisar tomar a fala e me posicionar,
a universidade (professores e alunos) precisaram parar e ouvir uma voz negra e
reconhecer a sua legitimidade.</b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b>Estou
chegando ao final desta jornada acadêmica que envolve titulações, e se fosse
possível retomaria aqui episódios racistas que me marcaram desde a primeira
série primária quando não fui colocada em uma série mais avançada “por falta de
vagas”. Entrei na escola alfabetizada, mesmo sem ter ido à pré-escola. Houve
uma prova para que os alunos “adiantados” fossem colocados na segunda ou na
terceira série, meus colegas (brancos e homens) que sabiam menos do que eu
conseguiram vaga no segundo ano. Para mim não tinha vaga, porque a turma do
segundo ano estava lotada e porque eu não acompanharia o terceiro ano, mesmo
sabendo toda a tabuada e dominando as quatro operações. Fiquei triste com a
notícia e lembro que eu não queria ir à escola porque não gostava das coisas
que as crianças faziam, então eu recebi uma função na sala de aula: ajudante da
professora. Eu ajudava os meninos e meninas a fazerem as tarefas. Eu me sentia
bem fazendo isso, porque pelo menos não era eu que tinha que ficar sublinhando letra
pontilhada. Meus pais questionaram, mas não tinham argumentos suficientes para
sustentar sua fala e, afinal, a filha estava em posição de destaque aos sete
anos.</b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><b>Hoje,
passados 30 anos da primeira série primária, 15 anos do início da graduação e
me distanciando já dois anos da representação discente no doutorado, percebo
que a academia está aberta a receber as mulheres negras. Abertura que se dá se
elas estiverem caladas e dispostas a continuar sendo “ajudantes da professora”,
ou seja, ocupando o papel secundário que cabe às mulheres; ou o lugar de não
saber dos negros. Não permitir que a menina negra avance de série é
impossibilitá-la de conhecer mais; não reconhecer a negra como estudante de
graduação é negar a ela a inserção em determinado espaço social; desqualificar
um texto da pesquisadora negra por ter nele um posicionamento social e político
é evidenciar o racismo institucional que diz que ela só pode estar naquele
lugar, se não perturbar a ordem dele; e, por fim, colocar em xeque a legitimidade
da voz da mulher negra é demonstrar o quanto ainda se tem que avançar para
combater o racismo cotidiano que assola as academias e exclui mulheres negras
todos os dias, tornando-as apenas “ajudantes da professora”.</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-31156168680742020322015-04-16T18:56:00.000-04:002015-12-10T15:26:05.338-03:00“O negro não é. Nem tampouco o branco”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-3-3_9wQBbIk/VTA90O54oWI/AAAAAAAALWs/1NkmB_Ypapg/s1600/meritocracia-brasileira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-3-3_9wQBbIk/VTA90O54oWI/AAAAAAAALWs/1NkmB_Ypapg/s1600/meritocracia-brasileira.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="color: #990000;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>O texto publicado pela escritora Cintia Moscovich no jornal Zero Hora do dia 13/04 não me chocou nenhum pouco, pois não é a primeira assertiva preconceituosa que ouço desta escritora. Também não acho que tenha querido provocar polêmica e ter seu nome citado, pois ela não precisa por já ter um público que a segue, admira e compra seus livros. A coluna da escritora demonstrou o que ela pensa: “estou onde estou porque trabalhei por isso... quem não está é porque não trabalhou ou trabalhou pouco”. O mesmo pensa o garoto que gravou um vídeo em uma sala de aula da USP ao dizer ao grupo de jovens negros que eles devem estudar e passar na universidade. Diante disso me veio Fanon quando diz: “O negro não é. Nem tampouco o branco”. Em um país colonizado como o Brasil temos “o preto escravizado por sua inferioridade e o branco escravizado por sua superioridade, ambos se comportam de acordo com uma orientação neurótica” (FANON). E o comportamento beirando a neurose é o que se vê no vídeo gravado, no texto da escritora e nos comentários de expectadores e leitores.</b></span></div>
<span style="color: #fce5cd;"><span style="color: #990000;">
</span>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b><br /></b></span></div>
<span style="color: #fce5cd;">
</span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Temos hoje uma sociedade de trabalhadores: de um lado os descendentes dos negros escravizados, que agora gritam e não aceitam o lugar que lhe foi dado; de outro lado temos os descendentes de brancos imigrantes e exilados, enviados para uma terra de "ninguém", que agora gritam para não perderem o que sempre aqui foi deles. Nesta terra todos trabalharam muito, no entanto, os negros quando deixaram a condição de escravizados não receberam o mesmo que os brancos enviados (degredados, exilados, etc) haviam recebido: terras, mão de obra, e outras benesses. Assim, para os brancos o sucesso veio e com ele veio também o orgulho de ter saído de uma condição de vexame para uma posição de honra (econômica e cultural). No entanto, para os negros o sucesso não veio e a posição de humilhação da escravidão foi trocada por posições muito semelhantes à da senzala, seja econômica ou culturalmente falando.</b></span></div>
<span style="color: #990000;"><span style="color: #fce5cd;">
</span></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><b><span style="color: #fce5cd;"><br /></span></b></span></div>
<span style="color: #990000;">
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">As histórias se parecem, por isso o negro não é, nem tampouco o branco é possuidor de mais ou menos direitos. E se isso é verdade e está expresso na Constituição de nosso país, são necessárias medidas que reparem as desigualdades. As cotas raciais fazem parte destas medidas e elas significam compartilhar espaços com aqueles que parecem não ter trabalhado na mesma medida do papai que trabalhou muito para pagar a escola particular do filho que estuda na USP. Também é admitir que a mocinha da periferia, que antes seria a faxineira da casa, agora poderá ter a bolsa de estudos que deveria ser para quem o papai pagou a escola (com muito trabalho). Significam também que a história de muito trabalho da família passe a ser apenas mais uma história no meio de tantas outras. A pós-modernidade nos mostra que não temos mais uma única narrativa, mas várias micronarrativas, sendo apenas mais uma a da família que trabalhou muito e logrou sucesso. Perder este espaço de privilégio na história é doloroso, assim como é doloroso ter sua vida marcada pela narrativa da vadiagem imposta aos negros, que agora querem apresentar a sua versão da história: trabalharam, mas não tiveram sucesso. Versão que apresentada obriga a sociedade a devolver-lhes os direitos surrupiados.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">A histeria se forma, pois dentre os jovens negros encontramos pessoas que não conseguem conter as emoções ao discutir um fato e temos o jovem branco que usa dos artifícios do lugar de privilégio (discurso performático e tecnologia), para afrontar e deslegitimar os negros. Ainda temos o jovem negro, cuja família logrou sucesso, mas ele apoia a causa dos seus pares e temos a escritora empática ao posicionamento do jovem branco que queria ter sua aula de microeconomia. Há ainda a figura da professora que, infelizmente, não conseguiu entrar no debate, mantendo-se numa posição de “eu tenho este conteúdo para dar e é só isso”. Ou seja, ela perdeu uma chance grande de ensinar a todos aqueles jovens questões de economia e história do Brasil, de falar dos índices econômicos e sociais e de cumprir com a função da universidade: produzir conhecimento.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">O episódio é lamentável, por não termos mudança de postura naquele momento, pelo contrário, apenas acirramento de ódio e acusações que mostram uma faceta cruel da nossa sociedade. Mas essas tensões acabam sendo positivas, porque obrigam as pessoas a saírem de sua zona de conforto e se posicionarem, como fez o jovem negro de classe média e a escritora gaúcha medíocre.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Publicado originalmente em:<a href="https://www.blogger.com/%C2%A0https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/o-negro-n%C3%A3o-%C3%A9-nem-tampouco-o-branco/951412324890605" target="_blank"><span style="color: #990000;"> </span>https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/o-negro-n%C3%A3o-%C3%A9-nem-tampouco-o-branco/951412324890605</a></span></b></div>
</span>Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-73382231473753987662015-04-16T18:52:00.002-04:002015-12-10T15:26:15.941-03:00A torcedora e o marginalzinho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-7QCDQ_Y-zLQ/VTA9C0C82wI/AAAAAAAALWk/r5VUT1B-wsk/s1600/torcedora.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="151" src="http://3.bp.blogspot.com/-7QCDQ_Y-zLQ/VTA9C0C82wI/AAAAAAAALWk/r5VUT1B-wsk/s1600/torcedora.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>O racismo presente no futebol gaúcho não pode ser visto apenas como um fato isolado de um ou outro clube - ele é o reflexo de como vivem os gaúchos. Eu não sou testemunha disso, mas vítima desta forma de viver: sou gaúcha e colorada. Apesar da polarização do futebol gaúcho, se nesta situação a punição fosse para o Internacional, eu comemoraria da mesma forma, pois são anos de preconceito nos estádios.</b></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="color: #990000;"><span style="color: #fce5cd;">Haverá quem conteste dizendo que a torcida gremista é mais racista. Talvez seja maior o número de racistas nesta torcida, que é mais branca por ser o Grêmio um clube, historicamente, mais elitizado. No entanto, os dois maiores clubes gaúchos carregam em sua história a proibição de entrada de negros em suas dependências e mesmo em seus times. Quem nunca ouviu falar sobre a Liga dos Canelas Pretas, fundada no início do século XX, na qual só jogavam pretos e mulatos, fazendo compensação pelos dois times que só aceitavam brancos????</span></b></div>
<span style="color: #fce5cd;"><span style="color: #990000;"></span><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><span style="color: #fce5cd; font-weight: bold;"><br /></span></span></div>
<span style="color: #fce5cd;">
<b></b></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b><b>Sobre a torcedora que alguns julgam estar sendo massacrada, sou avessa a qualquer violência contra ela, seja por ação ou palavras. Mas me assustam muito os argumentos daqueles que a defendem, pois eles apenas revelam que ela não poderia estar sendo exposta desta forma: perdeu o emprego, excluiu o Facebook, teve a casa apedrejada, foi vaiada na delegacia, etc. Mas estas mesmas pessoas, que hoje veem uma jovem branca como vítima da sociedade e do racismo que acima descrevi, há alguns meses atrás não se importavam nem um pouco com aquele negro que foi pego roubando e foi acorrentado em um poste e exposto nu.</b></b></span></div>
<span style="color: #fce5cd;"><b>
</b></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b><br /></b></span></div>
<span style="color: #fce5cd;"><b>
<div style="text-align: justify;">
<b>Lembram do "marginalzinho" que Sherazade mandou levar para casa? Quando se argumentava que ele era vítima da sociedade ninguém o defendeu dizendo que ele já tinha sido punido: afinal nunca deve ter tido um emprego ou um Facebook, provavelmente nem casa, e foi levado nu para a delegacia. Muito diziam que o rosto dele não devia ser coberto, pois todos deviam ver a cara do meliante. No caso dele, bandido bom é bandido morto. Mas e os reflexos da sociedade racista que o excluiu de tudo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Então eu sou contra expor o marginalzinho e a favor de expor a torcedora? Sim, eu sou. Ações como a desta torcedora geraram e geram inúmeros “marginaizinhos”. E a exposição deles, os ditos marginais, não é necessária, porque todo mundo já os reconhece e atravessa a rua quando os vê. Mas a torcedora precisa ser exposta, porque ela esconde o seu preconceito tendo até amigos negros.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Se o marginalzinho, no momento de emoção, porque a privação de direitos gera uma emoção definida como frustração, partiu para o crime e foi exposto com o corpo nu; que a torcedora, que no momento de emoção deixou extravasar seu racismo, seja desnudada de sua aparência de boa moça e pague (que pelo menos ela pague) pelo racismo formador de marginaizinhos neste país.</b></div>
</b></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd; font-weight: bold;"><br /></span></div>
<span style="color: #fce5cd;"><span style="color: #990000;"></span><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Publicado originalmente em:<span style="color: #990000;"> </span><a href="https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/a-torcedora-e-o-marginalzinho/829727260392446" style="color: #990000;"><span style="color: #fce5cd;">https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/a-torcedora-e-o-marginalzinho/829727260392446</span></a></b></span></div>
<span style="color: #990000;">
</span></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-63551401432682342902015-04-16T18:48:00.002-04:002015-12-10T15:26:30.145-03:00A verdadeira história dos negros<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-TEVM7J9uDf4/VTA8DAzxdZI/AAAAAAAALWc/UokNsMaHd3E/s1600/cotista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-TEVM7J9uDf4/VTA8DAzxdZI/AAAAAAAALWc/UokNsMaHd3E/s1600/cotista.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Época de resultado dos principais vestibulares do país e a história das cotas raciais volta a ser assunto. E volta a ser assunto entre os alunos da terceira melhor universidade da América Latina, a UFRGS, onde eu fiz minha graduação e mestrado. O x da questão agora é porque 21 negros entraram no curso mais branqueado da universidade: Medicina. Fiz um post em que mostro um caso específico de racismo, quando um aluno branco do curso de Medicina sugere que os negros são deficientes, segundo o graduando: “Apae para os negros, eu voto sim!” Imediatamente ao meu post recebi algumas mensagens de amigos que ficaram indignados, alguns contrários as ideias do graduando, outros favoráveis, cheguei a ser chamada de neurótica porque tenho militância. Fiquei pensando que os negros devem estar errados mesmo, e que a história deve ter sido manipulada e a verdade deve ser assim:</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Era uma vez um povo de pele escura que vivia em seu continente e tinha a sua própria divisão social. Havia entre eles diferenças e problemas, mas um dia eles resolveram que aquilo não bastava, então instigaram um povo branco que vivia em outro continente a ir até as suas terras e devastar sua riqueza, tomar suas mulheres à força e depois escravizá-los em outro continente (que também havia instigado o povo branco a colonizá-lo).</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Quando escravizados, estes negros não se deram por contentes, obrigaram os brancos a dizimarem a maior parte de sua cultura, a separá-los dos seus povos de origem e serem muito cruéis quando os obrigavam a trabalhar. Passado algum tempo, os negros resolveram que não queriam mais isso, então eles decidiram que iam ser livres, manipularam a princesa branca que os libertou e foram morar em lugares sem nenhuma estrutura para eles e suas famílias. Durante este processo muitos deles morreram, pelo simples prazer de incomodar os brancos que os haviam trazido para cá (pela sedução deles).</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">O tempo passou, os lugares onde estes negros foram morar viraram favelas ou assemelhados e os descendentes destes negros começaram a tratar os brancos como se fossem diferentes. Eles decidiram não estudar e não ocupar bons postos de emprego, com isso eles fariam os brancos se sentirem culpados de os terem trazido de sua terra. Continuaram trabalhando apenas no serviço braçal, a maior parte analfabeta ou semi-alfabetizada, e morando em condições precárias. As mulheres deles começaram a provocar os homens brancos para que as tratassem apenas como objeto sexual, os filhos deles começaram a aterrorizar a sociedade para que esta pensasse que eles eram todos marginais e drogados, e alguns destes jovens, viraram isso mesmo, para mostrar que eles não estavam de brincadeira.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Quando os brancos estavam acostumados com isso, os negros resolvem incomodar novamente: inventam uma tal de luta por igualdade racial, que é quererem ser iguais em tudo: saúde, educação, moradia, lazer, etc. Acham que o artigo quinto da Constituição Federal é para eles também. Então começam a reivindicar, chegando ao absurdo de perturbar os jovens brancos que estão na sua vidinha pacata na universidade. A estratégia deles agora? As cotas raciais, que na visão dos brancos, faz cair a produção de conhecimento na universidade, mas os negros insistem em dizer que mesmo com nota inferior no vestibular eles serão capazes.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Hoje em dia, já tem em torno de dez anos destas tais cotas, alguns destes negros já se formaram, ocupam alguns lugares privilegiados na sociedade (tem até juiz aqui no Brasil), tem um que virou presidente em outro país (mas nem vamos falar neste) e eles ficam perturbando querendo que todos os negros tenham os mesmos direitos. O Brasil nunca foi um país racista, sempre deu ótimas oportunidades para todos, os negros é que não queriam. Sempre preferiram ficar nas favelas ouvindo samba, jogando capoeira e tomando cachaça. Alguns se salvaram virando jogador de futebol, cantor, coisas assim, mas foi um milagre de Deus, porque os negros vivem a querer perturbar os brancos.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Será que preciso dizer que isto é uma ironia? Ou haverá quem pense que é verdade? Tenho certeza que ninguém admitiria que pensa exatamente assim a história, mas parte dela muitas pessoas, embora nunca admitam, consideram verdadeira. Estas pessoas acreditam que as cotas não são parte de um processo de reparação social, mas bônus para aqueles que não se esforçaram o suficiente ou que não são aptos porque não tiveram acesso a uma boa educação na base.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Não sei se este texto sensibiliza, se ele choca, se ele irrita, mas ele expressa a minha indignação com as ideias preconceituosas que estão sendo veiculadas sobre as cotas raciais. E maior indignação ainda com as pessoas que deveriam ser agentes de mudança desta realidade brasileira: os estudantes e os professores.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Eu não entrei na universidade pelo sistema de cotas e nunca assumi cargos nos concursos nos quais passei por este mesmo sistema, mas eu sinto todos os dias na pele escura que tenho o que é ser negra. Dentro da universidade mais de uma vez fui tomada por funcionária, pois negro lá era funcionário até pouco tempo atrás. No meu trabalho, mais de uma vez perguntaram se eu era a recepcionista ou alguém de cargo inferior, pois negros não ocupavam chefia, ou cargos que exigissem algum esforço intelectual. Enquanto pesquisadora tive minha dissertação desprestigiada porque tocava na ferida da universidade. E hoje, fui tida por neurótica, pelo simples fato de ter militância.Não quero mais ser neurótica, vou contar a todos esta verdadeira história dos negros a partir de agora.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b><span style="color: #990000;">Publicado originalmente em: </span></b><span style="color: #990000;"><b><a href="https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/a-verdadeira-hist%C3%B3ria-dos-negros/337713079593869">https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/a-verdadeira-hist%C3%B3ria-dos-negros/337713079593869</a></b></span></span></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-63831171755033759752015-04-16T18:36:00.000-04:002015-12-10T15:25:06.877-03:00Quanto é a água?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-DpLZ3xkwvLg/VTA5B34Hu7I/AAAAAAAALWQ/sm8TZocDum8/s1600/%C3%81gua-Mineral-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #fce5cd;"><img border="0" height="184" src="http://4.bp.blogspot.com/-DpLZ3xkwvLg/VTA5B34Hu7I/AAAAAAAALWQ/sm8TZocDum8/s1600/%C3%81gua-Mineral-1.jpg" width="320" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><i style="color: #990000;"><b><br /></b></i></span>
<span style="color: #fce5cd;"><i style="color: #990000;"><b><br /></b></i></span>
<i style="color: #990000;"><b style="text-align: justify;"><i><span style="color: #fce5cd;">-Quanto é a água?</span></i></b></i><br />
<i style="color: #990000;"><b style="text-align: justify;"><i><span style="color: #fce5cd;">- Dois reais.</span></i></b></i></div>
<span style="color: #fce5cd;">
<b></b></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b><b><i>- Me vê duas, mas quero geladas.</i></b></b></span></div>
<span style="color: #990000;"><b><span style="color: #fce5cd;">
<i></i></span></b></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #990000;"><b><span style="color: #fce5cd;"><i><b><i>- Não estou vendendo água.</i></b></i></span></b></span></div>
<span style="color: #990000;"><b><span style="color: #fce5cd;"><i>
</i><i><div style="text-align: justify;">
<b><i>- Desculpa, pensei que estivesse com ele (apontando o vendedor ambulante negro).</i></b></div>
</i><i><div style="text-align: justify;">
<b><i>- Por que você pensou isso?</i></b></div>
</i><i><div style="text-align: justify;">
<b><i>- Desculpa, moça, eu me enganei mesmo (sai apressado e envergonhado).</i></b></div>
</i></span></b><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<b><div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Diálogo bobinho este, mas reflete uma das facetas mais cruéis e vergonhosas de nosso país: o preconceito racial. Eu falando em preconceito novamente? Sim, eu falando em preconceito novamente, mas digo o motivo. Neste domingo fiz provas para um dos concursos mais concorridos do Brasil: Senado. Cheguei cedinho fiz uma prova, saí para almoçar e quando retornei comprei duas garrafas d’água para enfrentar as outras cinco horas e trinta minutos que teria de prova. Enquanto aguardava para entrar no prédio, fui interpelada por um homem branco de trinta e poucos anos, com o qual mantive o diálogo acima. A pessoa que me abordou imaginou que pela cor da minha pele eu não deveria estar ali para prestar uma prova, mas sim para vender água. Devido a minha caminhada e experiência, eu pude confrontar o rapaz e perguntar o porquê dele pensar que eu era uma vendedora ambulante, porém a atitude de algumas pessoas que estavam próximas fez com que ele depressa saísse, pois diante do ocorrido alguém disse: “Isso dá processo.” Eu discordo disso, afinal ele não foi grosseiro, não discrimou, apenas mostrou o que se pensa no Brasil: o lugar do negro é na cozinha.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">No turno da manhã, as provas haviam sido para nível médio, e eu observei que o número de negros era bem pequeno, mas vi alguns circulando – havia como dizer: “negros fizeram a prova”. No turno da tarde, as provas foram para nível superior, e depois do ocorrido eu comecei a procurar meus pares que estivessem visíveis, mas para minha surpresa, vi apenas mais duas mulheres negras e um homem negro naquele local. Se a presença dos negros é tão pequena nestes espaços até que justifica a confusão que o homem fez. Ele não conseguiu perceber que eu usava um vestido longo, sandália de salto alto, nem que carregava uma pasta (Datelli, por sinal) em uma das mãos e, na outra mão, eu equilibrava as duas garrafas de água que ele queria comprar. O que a roupa significa? Minha apresentação pessoal em nada diferia da apresentação das demais mulheres que ali estavam, contudo o meu “defeito de cor” não me colocava ali como concorrente do certame, mas sim como vendedora ambulante.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Quando isto ocorre, é impossível não nos sentirmos desvalorizados, menosprezados e humilhados por causa do racismo. Não vejo nenhum mal em ser vendedor ambulante, o senhor negro que vendia águas em nada difere de mim, no entanto, atitudes assim demonstram o imaginário brasileiro que ainda não admite que o negro saia da cozinha. E este imaginário aflora quando as pessoas menos esperam, no momento em que estão fazendo as suas lidas cotidianas. Para aquele homem, um negro não poderia prestar aquela prova, pois afinal ela exigia uma boa formação acadêmica, boa preparação teórica e ainda o indivíduo precisou desembolsar algum dinheiro. Estes três fatores realmente afastam os negros destas concorrências. Temos hoje um pequeno número de negros com boa formação (mesmo com as cotas e Enem ainda é pequeno o número de afrodescendentes na universidade); a preparação para um concurso exige tempo de estudo e dinheiro, o que nem sempre os negros têm, pois eles acabam os estudos na graduação e precisam trabalhar muito; e a inscrição para o concurso custou cento e noventa reais (valor alto para pessoas que mesmo com curso superior ainda não têm boa colocação no mercado de trabalho). Outro fator que deve ter levado o rapaz a esta conclusão deve ser que negros não ocupam espaços de trabalho onde o salário beira ou ultrapassa vinte mil reais. Assim, nada justificaria a minha presença ali.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Eu fiz a prova e estou aguardando o resultado, mas isto não sai da minha mente e tenho pensado no quanto é urgente que os negros ocupem espaços que historicamente lhes foram negados. Em concursos deste tipo não podemos abrir mão de exigir que exista uma reserva de vagas, porque isso motivará os negros a se inscreverem e concorrer, pois sabemos que a concorrência não é igual: brancos e negros têm formações diferentes. E garantir vagas em concursos deste tipo, colocará negros em posições importantes nos serviços públicos do Brasil, o que começará a transformar o imaginário que diz que “a negra faz a cocada e o negro sai para vender”.</span></b><br />
<span style="color: #fce5cd;"><b><br /></b>
<b>Publicado originalmente em: </b><b></b></span><br />
<div style="display: inline !important; text-align: justify;">
<div style="display: inline !important; text-align: justify;">
<a href="https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/quanto-%C3%A9-a-%C3%A1gua/370616276303549"><span style="color: #fce5cd;">https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/quanto-%C3%A9-a-%C3%A1gua/370616276303549</span></a></div>
</div>
</div>
</b></span>Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-25779550277777081002015-04-16T18:22:00.004-04:002015-12-10T15:21:08.755-03:00A cabeleira da estagiária<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-eB3Z2L68uSU/VTA05bUXeOI/AAAAAAAALWE/VRsGykFpD-s/s1600/393459_10150406752765518_1147238135_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://2.bp.blogspot.com/-eB3Z2L68uSU/VTA05bUXeOI/AAAAAAAALWE/VRsGykFpD-s/s1600/393459_10150406752765518_1147238135_n.jpg" width="200" /><b></b></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Tem quase duas semanas que a estagiária de cabeleira alta tem sido assunto na mídia, e há exatas duas semanas que eu me seguro para não escrever este texto. Quando li a história da menina de dezenove anos, muito me identifiquei com ela, pois passei por situação semelhante. Quando eu tinha dezesseis anos de idade sai em busca do meu primeiro emprego. Logo de início fui chamada para um estágio em uma creche - uma “escolinha” na época. Quando eu falei com a proprietária por telefone, ela ficou impressionada, pois eu já tinha alguns cursos nesta idade e tinha excelentes notas na escola. Pediu que eu fosse pronta para assinar o contrato e ficar trabalhando.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;"><br /></span></b></div>
<b><span style="color: #fce5cd;"></span></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #990000;"><b><span style="color: #fce5cd;">Cheguei muito feliz na escola, usando uma roupa mais social, sapato e com o cabelo bem penteado, levando uma roupa confortável para trabalhar. Ao chegar no portão da escolinha, toquei a campainha e fui atendida pela senhora que me disse: “O que tu quer?” Me surpreendi com a grosseria, mas me apresentei. Ela com uma expressão de admiração, frustração e sei lá mais o que, me olhou e disse: “Então é tu?” Achei estranho, mas respondi. Ela veio até o portão, me olhou de cima a baixo, de baixo a acima, pediu meu contrato e disse que me ligaria no outro dia. No primeiro momento não entendi nada, mas enquanto retornava para casa pensava na situação e não queria acreditar que tinha sido desprezada por ser negra. Quando cheguei, contei aos meus pais o que ocorrera. Eles imediatamente me estimularam a continuar procurando um estágio e tiveram uma conversa sobre os obstáculos que encontraria por ser negra. Dois dias depois, uma colega da mesma sala que eu (com notas inferiores, sem nenhum curso de formação, ou seja, menos preparada) conseguia a vaga de estágio na escolinha. O que nos diferenciava, além dos dados da formação, é que ela tinha um cabelo muito comprido e liso, a pele branca e os olhos verdes.</span></b></span></b></div>
<b><span style="color: #990000;"><span style="color: #fce5cd;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Isso fez com que eu me sensibilizasse com a história da Ester, pois ainda hoje, sinto na pele o preconceito racial do Brasil. Passei por esta situação no início da minha carreira e por muitas outras ao longo dos dezessete anos que tenho de atuação na educação. Nos dias de hoje, me vejo muitas vezes obrigada a escovar o cabelo, pois dependendo do espaço de fala, uma mulher será pouco ouvida. Se ela for negra, será quase nada ouvida. Se ela for negra de cabeleira crespa e solta, o pouco que ouvirão dela, será desprestigiado. Aos poucos, costumo quebrar os paradigmas do sistema, e hoje, apoio a coragem de Ester que denunciou isto. E pergunto àqueles que dizem que é normal, que é preciso agradar a clientela da escola, se é assim que iremos formar crianças preparadas para conviver com a diferença e respeitando o outro.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #fce5cd;">Publicado originalmente em <a href="https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/a-cabeleira-da-estagi%C3%A1ria/309681152397062">https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/a-cabeleira-da-estagi%C3%A1ria/309681152397062</a></span></b></div>
</span></b>
<!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-eB3Z2L68uSU%2FVTA05bUXeOI%2FAAAAAAAALWE%2FVRsGykFpD-s%2Fs1600%2F393459_10150406752765518_1147238135_n.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://2.bp.blogspot.com/-eB3Z2L68uSU/VTA05bUXeOI/AAAAAAAALWE/VRsGykFpD-s/s1600/393459_10150406752765518_1147238135_n.jpg" -->Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-16772874418494539542015-04-16T18:06:00.003-04:002015-12-10T15:23:11.190-03:00Defendo a causa racial<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Hoje pela manhã eu usava uma camiseta com um macaco estampado, uma das camisetas que mais gosto. Meu sobrinho de 8 anos chegou e disse: “Esta camiseta parece com o fulaninho.” Perguntei o motivo da comparação, então ele me disse que era porque o fulaninho era muito preto. Eu disse a ele que então eu e ele também parecemos macacos, pois somos negros, ele riu e disse: “Sim tia, mas tu é mais preta, parece mais.” Fiz toda aquela conversa pedagógica para ensinar a ele conceitos diferentes dos que a sociedade ensina, porque mais uma vez percebi o quanto temos a aprender e ensinar neste país. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Passei mais de ano fora do Brasil vivendo num país dominado por todos os tipos de preconceito, em contato constante com pessoas de diversas nacionalidades. Várias vezes ouvi que devo ser feliz porque no meu país há uma verdadeira democrácia, porque aqui todos são iguais, independente de cor de pele, de gênero, de religião, de opção política, enfim.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Algumas vezes, quando comparava a nossa situação a de outros povos, me alegrava muito por ter nascido brasileira, noutras vezes, sentia-me envergonhada por ter que decepcionar as pessoas e dizer que a realidade não é assim, ou por ver que alguns países estão muito mais avançados do que nós.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Em agosto de 2009 quando defendi minha dissertação, apresentei a Lei 10639/03 que torna obrigatório o ensino de conteúdos ligados à Africa e aos afro-descendentes no país. O trabalho recebeu louvores de alguns, mas ouvi na minha banca que o meu trabalho era engajamento do Movimento Negro, um panfleto. Ali ficou evidente uma faceta do preconceito na acadêmia – lugar de produção do saber. Aquilo me fez pensar e repensar minha trajetória, seria panfletário meu trabalho, seria hora de mudar o rumo do que estou estudando? Mas eu não posso negar a minha história e minha luta, e independente do que pensam ou pensarão: eu defendo a causa racial sim, e mais do que defendê-la, torno-a meu objeto de estudo e motivo de luta.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Defendo a causa racial, porque ouvi uma pessoa dizer que compraria henê para usar nos filhos que ainda não planejei ter.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Defendo a causa racial, porque vi muitas pessoas torcendo o nariz para o meu cabelo trançado quando retornei ao Brasil, diziam-me que voltei bem africana, quando eu estava na Ásia.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Defendo a causa racial, porque ouvi minha tia dizer que o meu atual cabelo, crespo e estiloso, está horrível e que eu deveria usar o meu chanel lisinho novamente, pois ele é mais social e combina mais comigo que estudei bastante.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Defendo a causa racial, porque em situações de trabalho já fui preterida por pessoas de pele mais clara que a minha, quando os seus currículos não poderiam ser igualados ao meu.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Defendo a causa racial, porque já ouvi gente dizer que cotista não precisa saber o conteúdo de uma prova. E por me terem dito que eu sou um gênio, pois nem usei as cotas para chegar à universidade - como se os negros precisassem das cotas por serem menos capazes.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Defendo a causa racial, porque vejo brancos e negros julgando e valorizando as pessoas pelo tom de suas peles, pois ainda acreditam que é necessário clarear o mundo.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Defendo a causa racial, porque sou uma educadora que sonha com um mundo melhor, onde todas as pessoas tenham o direito a uma vida digna, independente das marcas que carregam em si.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Defendo e defenderei a causa racial, porque ela reflete a minha história, a história da minha família e a história daqueles que morreram lutando por igualdade entre as pessoas. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>21 de março - Dia Internacional contra a Discriminação Racial</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b>Publicado originalmente em: <a href="https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/defendo-a-causa-racial/197525206945991">https://www.facebook.com/notes/rosilene-silva-da-costa/defendo-a-causa-racial/197525206945991</a></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3438111612618510512.post-8042033186665867882013-03-21T19:40:00.000-04:002015-12-10T15:22:49.452-03:00Dia 21 de março de 2013<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-A7VUeB1EuEY/UUuXPUFUxGI/AAAAAAAAKLw/avzzLkz8qZI/s1600/selo_Discriminacao_racial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="169" src="http://4.bp.blogspot.com/-A7VUeB1EuEY/UUuXPUFUxGI/AAAAAAAAKLw/avzzLkz8qZI/s1600/selo_Discriminacao_racial.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Dia
maravilhoso este 21 de Março marcado por momentos de emoção, de alegria e de
recordação. Passei boa parte de meu dia em uma festividade de comemoração dos
10 anos da SEPPIR, depois estava envolvida no planejamento da comemoração dos
10 anos da Lei 10.639/03 e isso mexeu com meus sentimentos e memória de uma
forma singular. Hoje, eu lembrei muito do ano de 1988, quando eu estava na
terceira série primária e se comemorava os 100 anos da abolição. Naquela época,
eu pensava que no universo éramos poucos negros, pois a negritude para mim se
resumia a minha família, alguns vizinhos e poucos membros de nossa igreja. Na
escola, eu era a única menina negra de minha turma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
dia 13 de maio daquele ano, a professora passou um texto no quadro em que a
ação da Princesa Isabel era exaltada, não se mencionava a luta dos negros,
apenas o quanto a princesa era bondosa em libertar os escravos que não sabiam
ler e nem falar a língua portuguesa. Meus colegas acabavam rindo e fazendo
piadas racistas e eu sentia um misto de vergonha e raiva, porque eu tinha uma
tia-bisavó que havia sido escrava e que carregava as marcas da escravidão em
suas costas, e porque meus pais sempre falavam da importância do trabalho dos
negros para a sociedade. O tempo passou, eu cresci, formei-me professora e
passei a lutar por uma educação mais igual para os meus alunos, porque eu não
queria que eles passassem pelas mesmas coisas que eu havia passado, porque eu
queria que a história perdida de minha tia-bisavó não fosse motivo de vergonha,
mas de orgulho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Hoje observando a mudança de paradigmas que temos em nossa educação sinto-me realizada,
pois vejo no calendário o 21 de março (Dia Internacional de Combate à
Discriminação Racial) sendo celebrado nas escolas, nos órgãos do governo e em
diversas partes do Brasil. Percebo que nosso povo começa a sentir orgulho de
sua cor negra na pele, de seus cabelos encaracolados, de sua cultura e
tradição, de seus antepassados que foram escravizados - tendo na figura de
Zumbi dos Palmares um herói. Os jovens negros antes alijados do processo de
ensino (eu era a única menina negra de minha turma de 30 crianças) agora estão
mais presentes nas salas de aula e podem sonhar com uma carreira que lhes
garanta um posto de trabalho que não seja necessariamente o de trabalhador
braçal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda
há muito caminho pela frente, ainda enfrentamos um racismo cruel em diversos
espaços, ainda nos é negado o acesso a direitos básicos garantidos legalmente,
mas já avançamos. Hoje, posso comemorar porque os meus alunos ouvem uma
história diferente sobre a escravidão; posso festejar porque os negros não são
mais apenas aqueles do meu núcleo familiar – estão visíveis na televisão, nos
jornais, em espaços de reconhecimento. Os brasileiros se autodeclaram em alto e
bom tom como negros, afrodescendentes, afro-brasileiros... descendentes de um
povo forte e lutador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="color: #fce5cd;">Assim,
que este 21 de março, que me fez dançar e chorar cantando “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=8Y-gwvm3cRE" target="_blank">Maria, Maria</a>”, seja
mais um marco na história de nosso país, principalmente de nossa educação, a
fim de que não repitamos erros que macularam negros e brancos e nos destituíram
por muito tempo do direito de andarmos juntos como irmãos.</span><o:p></o:p></span></div>
Rosilenehttp://www.blogger.com/profile/17525107743220569152noreply@blogger.com0