domingo, 3 de abril de 2016

Dilma, ligue para o 180 e denuncie a violência!


Em 2001 a ONU publicou um relatório sobre a saúde mental no qual aponta que um dos motivos que faz com que as mulheres tomem mais medicamentos para tratar transtornos psicológicos e psiquiátricos é a violência. Segundo o documento, a “violência contra a mulher constitui um significativo problema social e de saúde pública que afeta mulheres de todas as idades, todos os antecedentes culturais e todos os níveis de renda” (ONU, p. 14). A violência contra a mulher se caracteriza pela violação de seus direitos,  o que se dá de forma física, sexual ou mental. A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, define  que uma das formas de violência contra a mulher é “a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação” (Lei nº 11.340/07, Art. 7, II). O que vimos no editorial de dois grandes veículos de comunicação neste final de semana foi a expressão da violência cotidiana contra a mulher. Violência desferida contra a mulher que ocupa o maior cargo político deste país: a Presidenta Dilma Rousseff.
No dia 01 de abril, a Revista Isto é publicou na manchete de capa uma reportagem chamada “Uma presidente fora de si”. Somente o título do texto já é ofensivo e remete a um histórico machista de denominar as mulheres como loucas e histéricas. No texto, o semanário diz que Dilma  sofre de transtornos psicológicos e afirma que ela toma medicamentos fortes para que se acalme.  A Presidenta Dilma não é a primeira mulher a ser taxada de louca ou histérica. Todas nós, mulheres, em maior ou menor grau, já fomos vistas uma ou outra vez assim, pois este estereótipo de mulher louca, histérica ou desequilibrada mental é usado em nossa cultura machista para nos deslegitimar. Quando uma de nós grita e fala mal no trânsito é  vista como uma louca mal amada ou uma histérica de TPM, quando um homem faz isso é um cara com personalidade. Assim, ao homem são atribuídos os valores considerados positivos pela sociedade e às mulheres aqueles considerados negativos – reforça-se o binarismo: homem racional/mulher emocional, homem seguro/mulher insegura; homem ativo/mulher passiva.
O jornal A folha de São Paulo seguiu a mesma linha e neste sábado lançou um editorial que sugere que a Presidenta deve renunciar para poupar o Brasil do trauma de um impeachment, pois ela não tem mais condições de governar. O interessante é que o jornal não aponta os motivos que a impedem de governar o Brasil, apenas limita-se aos erros do seu partido e a falta de apoio do Congresso Nacional. Isto não é motivo para dizer que ela não tem condições de governar, pois qualquer pessoa no lugar dela não teria. Assim, o editorial pessoaliza a crise política do país e coloca na pessoa da presidenta o problema dizendo que ela “perdeu as condições de governar o país”. Ela não perdeu as condições, mas está sendo impedida por um congresso mesquinho e por uma mídia que explora os fatos envolvendo a corrupção de um único partido – deixando de dar visibilidade aos demais envolvidos nos crimes de corrupção. Dilma reúne as qualidades necessárias para governar, fato evidenciado pelos mais de 54 milhões de brasileiros que depositaram seu voto nela na última eleição – que a reelegeu para o mais alto posto político do Brasil.
Os dois textos citados colocam uma das mulheres mais importantes do mundo em uma situação constrangedora e se caracterizam como violência contra a mulher. Dilma deveria fazer uma ligação ao serviço disponibilizado no número 180 e denunciar os abusadores, mas seu cargo não permite que a situação se resolva desta forma. Assim, é de extrema importância que através dos meios legais disponíveis para a Presidência da República que a mulher, legitimamente eleita para este cargo, tome as providências contra aqueles que a estão violentando. Dilma já foi violentada física e sexualmente durante a ditadura, já foi vaiada e ouviu impropérios em um estádio de futebol, já teve sua morte desejada inúmeras vezes e agora é taxada de louca e incapaz. Não é a primeira mulher a passar por situações vexatórias, mas foi a primeira mulher brasileira a ser presidenta e a primeira a desfilar ao lado de outra mulher, deixando os homens de fora do carro oficial no dia da posse. Dilma não é louca ou incapaz, ela é uma mulher que com coração valente desafia intensamente o machismo que impera em nossa sociedade. Machismo que ao tentar fazê-la passar por louca e incapaz não somente quer lhe tirar o poder, mas também deseja macular a imagem da primeira mulher a presidir este país. Da mesma forma que muitas mulheres são vítimas de relações abusivas no dia-a-dia, a Presidenta Dilma também está sendo – assim, nós, mulheres, devemos nos irmanar a ela, pois se nem a maior autoridade do país está sendo poupada pelo sistema patriarcal e machista, nós também não seremos preservadas se isso ficar impune.


2 comentários:

  1. Quando vejo a Dilma tentar formar uma frase, qualquer que seja, não tem coerência nenhuma, ou ela está louca ou eu é que sou; então é por isso que eu saúdo a mandioca e vou comungá-la com o milho esta noite e atrás de toda criança tem-se a figura de um cachorro, por isso vamos estabelecer uma meta - não vamos mais ter meta, isto já explicitado é como a pasta no dentifrício que sai do dentifrício, bem como a ponte que junta energia é igual as pessoas que estão na chuva e não querem estar na chuva e vamos combater o meio ambiente... mas isso que acabei de escrever eu escrevi dormindo só assim se explica, e me tornei parente do aeromóvel de Porto Alegre---- depois de minha dissertação vc me entendeu? Se a resposta é não, vá ao médico urgente, pois vc está loucooooo.

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