quinta-feira, 16 de abril de 2015

A verdadeira história dos negros



Época de resultado dos principais vestibulares do país e a história das cotas raciais volta a ser assunto. E volta a ser assunto entre os alunos da terceira melhor universidade da América Latina, a UFRGS, onde eu fiz minha graduação e mestrado. O x da questão agora é porque 21 negros entraram no curso mais branqueado da universidade: Medicina. Fiz um post em que mostro um caso específico de racismo, quando um aluno branco do curso de Medicina sugere que os negros são deficientes, segundo o graduando: “Apae para os negros, eu voto sim!” Imediatamente ao meu post recebi algumas mensagens de amigos que ficaram indignados, alguns contrários as ideias do graduando, outros favoráveis, cheguei a ser chamada de neurótica porque tenho militância. Fiquei pensando que os negros devem estar errados mesmo, e que a história deve ter sido manipulada e a verdade deve ser assim:

Era uma vez um povo de pele escura que vivia em seu continente e tinha a sua própria divisão social. Havia entre eles diferenças e problemas, mas um dia eles resolveram que aquilo não bastava, então instigaram um povo branco que vivia em outro continente a ir até as suas terras e devastar sua riqueza, tomar suas mulheres à força e depois escravizá-los em outro continente (que também havia instigado o povo branco a colonizá-lo).

Quando escravizados, estes negros não se deram por contentes, obrigaram os brancos a dizimarem a maior parte de sua cultura, a separá-los dos seus povos de origem e serem muito cruéis quando os obrigavam a trabalhar. Passado algum tempo, os negros resolveram que não queriam mais isso, então eles decidiram que iam ser livres, manipularam a princesa branca que os libertou e foram morar em lugares sem nenhuma estrutura para eles e suas famílias. Durante este processo muitos deles morreram, pelo simples prazer de incomodar os brancos que os haviam trazido para cá (pela sedução deles).

O tempo passou, os lugares onde estes negros foram morar viraram favelas ou assemelhados e os descendentes destes negros começaram a tratar os brancos como se fossem diferentes. Eles decidiram não estudar e não ocupar bons postos de emprego, com isso eles fariam os brancos se sentirem culpados de os terem trazido de sua terra. Continuaram trabalhando apenas no serviço braçal, a maior parte analfabeta ou semi-alfabetizada, e morando em condições precárias. As mulheres deles começaram a provocar os homens brancos para que as tratassem apenas como objeto sexual, os filhos deles começaram a aterrorizar a sociedade para que esta pensasse que eles eram todos marginais e drogados, e alguns destes jovens, viraram isso mesmo, para mostrar que eles não estavam de brincadeira.

Quando os brancos estavam acostumados com isso, os negros resolvem incomodar novamente: inventam uma tal de luta por igualdade racial, que é quererem ser iguais em tudo: saúde, educação, moradia, lazer, etc. Acham que o artigo quinto da Constituição Federal é para eles também. Então começam a reivindicar, chegando ao absurdo de perturbar os jovens brancos que estão na sua vidinha pacata na universidade. A estratégia deles agora? As cotas raciais, que na visão dos brancos, faz cair a produção de conhecimento na universidade, mas os negros insistem em dizer que mesmo com nota inferior no vestibular eles serão capazes.

Hoje em dia, já tem em torno de dez anos destas tais cotas, alguns destes negros já se formaram, ocupam alguns lugares privilegiados na sociedade (tem até juiz aqui no Brasil), tem um que virou presidente em outro país (mas nem vamos falar neste) e eles ficam perturbando querendo que todos os negros tenham os mesmos direitos. O Brasil nunca foi um país racista, sempre deu ótimas oportunidades para todos, os negros é que não queriam. Sempre preferiram ficar nas favelas ouvindo samba, jogando capoeira e tomando cachaça. Alguns se salvaram virando jogador de futebol, cantor, coisas assim, mas foi um milagre de Deus, porque os negros vivem a querer perturbar os brancos.

Será que preciso dizer que isto é uma ironia? Ou haverá quem pense que é verdade? Tenho certeza que ninguém admitiria que pensa exatamente assim a história, mas parte dela muitas pessoas, embora nunca admitam, consideram verdadeira. Estas pessoas acreditam que as cotas não são parte de um processo de reparação social, mas bônus para aqueles que não se esforçaram o suficiente ou que não são aptos porque não tiveram acesso a uma boa educação na base.

Não sei se este texto sensibiliza, se ele choca, se ele irrita, mas ele expressa a minha indignação com as ideias preconceituosas que estão sendo veiculadas sobre as cotas raciais. E maior indignação ainda com as pessoas que deveriam ser agentes de mudança desta realidade brasileira: os estudantes e os professores.

Eu não entrei na universidade pelo sistema de cotas e nunca assumi cargos nos concursos nos quais passei por este mesmo sistema, mas eu sinto todos os dias na pele escura que tenho o que é ser negra. Dentro da universidade mais de uma vez fui tomada por funcionária, pois negro lá era funcionário até pouco tempo atrás. No meu trabalho, mais de uma vez perguntaram se eu era a recepcionista ou alguém de cargo inferior, pois negros não ocupavam chefia, ou cargos que exigissem algum esforço intelectual. Enquanto pesquisadora tive minha dissertação desprestigiada porque tocava na ferida da universidade. E hoje, fui tida por neurótica, pelo simples fato de ter militância.Não quero mais ser neurótica, vou contar a todos esta verdadeira história dos negros a partir de agora.

Um comentário:

  1. Parabéns!!! Excelente texto, me prendeu do começo ao fim. Achei brilhante sua colocação. Abraço

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